Para Inspirar
O que acontece com as nossas sensações físicas durante uma crise que precede a tão temida Síndrome de Burnout? Te contamos aqui!
1 de Novembro de 2024
No quarto episódio da décima sétima temporada do Podcast Plenae - Histórias para Refletir, conhecemos a história de Gustavo Ziller. O representante do pilar Mente contou como caiu em falsas promessas de sucesso, assim como muitos, e penhorou sua própria saúde em nome desse tão sonhado status.
O que aconteceu com o empresário é o que acontece com milhares de pessoas pelo mundo: só no Brasil, em uma década, o número de afastamentos por Síndrome de Burnout cresceu 1.000%. O caso é tão sério que, recentemente, ela foi reconhecida como um fenômeno relacionado ao trabalho pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e entrou para a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-11)
Por aqui, já falamos dessa questão em outras situações, seja desmistificando esse conceito de forma geral, ou no episódio de Izabella Camargo que também foi vítima dessa patologia e até os sinais de que seu corpo está estressado - mas não necessariamente em estado de burnout.
Hoje, vamos falar sobre o que acontece com o seu corpo durante uma crise que pode te acender um alerta para procurar ajuda de fato. Leia mais a seguir!
A Síndrome de Burnout, também conhecida como “síndrome de esgotamento profissional”, é o resultado direto de estresse crônico no ambiente de trabalho ou proveniente dele - ou seja, o que você continua sentindo mesmo quando está fora dele. Essa síndrome pode afetar o corpo de várias maneiras, como:
Fadiga intensa: uma sensação de cansaço físico e mental predominante, mesmo depois de descansar. É por isso que “férias” não é uma resposta simples e certeira.
Alterações no sono: o sujeito pode experimentar episódios intensos de insônia ou sono excessivo podem ocorrer, levando a uma piora na qualidade do sono.
Problemas digestivos: a pessoa que sofre de burnout pode observar um aumento de problemas gastrointestinais, como indigestão, dor abdominal, alterações no apetite, entre outros.
Dores físicas: muitas pessoas relatam sofrer de diferentes dores sem causas aparentes, como dores de cabeça, tensões musculares, entre outras.
Sistema imunológico enfraquecido: essa exaustão acumulada pode deixar o seu corpo mais suscetível a doenças e infecções de naturezas diferentes.
Alterações emocionais: além da imunidade, o estresse crônico pode causar sensações como irritabilidade, ansiedade e depressão. E, nesse ponto, vale a atenção na hora do diagnóstico, para que o especialista veja de forma macro e enquadre na síndrome, e não como condições separadas.
Cognição: dificuldades de concentração, problemas de foco e memória podem se intensificar, afetando a produtividade que é justamente o grande objetivo do trabalhador que sofre com burnout.
Mudanças no apetite: algumas pessoas podem perder o apetite, enquanto outras podem comer em excesso.
Além dos traços mais evidentes, citados anteriormente, há ainda outros que podem ou não surgir e não há uma ordem ou uma hierarquia. Os psicólogos Herbert Freudenberger e Gail North, respectivamente, alemão e americana, criaram uma lista do que seriam os 12 estágios da síndrome. Esses estágios não devem ser vistos como fases, como explica o UOL Viva Bem, pois são sintomas. São eles:
1- Compulsão em demonstrar o seu próprio valor
2- Incapacidade de se desligar do trabalho
3- Negação das próprias necessidades
4- Fuga de conflitos ou quando é confrontado a respeito de sua situação
5- Negação de problemas
6- Reinterpretação de valores pessoais
7- Distanciamento da vida social
8- Mudanças abruptas de comportamento
9- Despersonalização, não consegue ver valor em si e nem nos outros
10- Vazio interno constante
11- Depressão patológica e clínica
12- Pensamentos suicidas - e aqui, o acompanhamento psicológico é urgente
Pessoas mais exigentes e entusiasmadas com o trabalho são mais suscetíveis a perderem o senso da quantidade de responsabilidade e se perderem no caminho para essa síndrome - mas não são as únicas. Todos podemos ser vítimas um dia, e ela não acontece subitamente, ela é crescente e pode levar anos até o pico de estresse chegar.
O primeiro passo é o de sempre: reconhecer o problema. Em seguida, procure uma ajuda psicológica que irá ajudar a mapear o tamanho do problema e quais são os passos seguintes. O tratamento será multidisciplinar, ou seja, a terapia poderá caminhar junto com a medicação e, em muitos casos, o afastamento do ambiente estressor é fundamental. Há saídas possíveis, quanto antes começar, melhor.
Para Inspirar
O segundo episódio da décima sexta temporada ouve a história dos encontros da fé de Pai Denisson e Mãe Kelly.
11 de Agosto de 2024
Na primeira vez que eu entrei no terreiro, eu falei em voz alta para o Pai Denisson: “Eu me encontrei. O meu lugar é aqui”. Como eu tenho mediunidade de clarividência, eu sentia e via as entidades presentes naquele terreiro. O mesmo homem de traços indígenas que eu vi na porta da sala da faculdade estava ali. Eu me assustei e descobri que aquele homem era o Caboclo das Sete Encruzilhadas, uma entidade que trabalha com as forças da natureza e com o conhecimento em todos os sentidos.
Eu sentei num banquinho de madeira e senti a espiritualidade à minha volta. Senti uma explosão de paz e alegria dentro de mim. Pela primeira vez, todas aquelas manifestações que aconteciam comigo desde criança me fizeram sentido. E a umbanda me completou naquele momento e me completa até hoje.
[trilha sonora]
Pai Denisson: A umbanda me encantou pela forma como eu fui acolhido pelo terreiro. Nunca me perguntaram qual era a minha profissão, quanto eu ganhava. Nunca me pediram nenhuma contribuição. Eram pessoas muito simples, que me colocaram debaixo da asa, sem querer nada em troca. Era um altruísmo puro. Eu me senti visto como um ser humano, e esses valores me preencheram.
Aos poucos, eu fui entendendo que a umbanda é a manifestação do espírito para a prática da caridade. A gente entende a caridade da maneira mais vasta possível, no sentido de acolher, não julgar, propagar a fé, alimentar e socializar. A umbanda é como o povo brasileiro: miscigenado. Ela é a primeira religião considerada 100% brasileira, e ela mistura saberes indígenas, africanos e europeus.
Se a gente pegar os povos originários, eles manifestam a espiritualidade através de ritos de passagem, de ervas, de vegetais e de minerais. Os africanos trouxeram o conhecimento das oferendas, da boa fé, da liberdade, da música, dos orixás, que são forças da natureza. Dos europeus vieram a feitiçaria, as velas e o estudo da vida após a morte.
Mãe Kelly: Na medida que a gente foi se envolvendo com os estudos da umbanda, começamos a explorar também outras formas de espiritualidade. Eu e o Pai Denisson viajamos em busca de conhecimento para o Tibete, Nepal, China, Índia, México, Egito, Israel, Peru e outros lugares sagrados. Buscamos conhecimento em contato com templos e os sacerdotes do budismo, do islamismo, do xintoísmo, do catolicismo, do judaísmo, do espiritismo e dos povos originários.
Com estas vivências, cada vez mais sentimos que as religiões tinham sinergia com a umbanda. E em vários lugares a gente recebeu sinais de que a gente tinha um caminho espiritual para trilhar. Em 2015, nós fundamos o Instituto CEU Estrela Guia. Desde o primeiro dia, em nosso espaço sagrado, conhecido como terreiro, buscamos o equilíbrio entre a mente e o coração, entre a razão e a emoção e entre o pensar e o sentir, com o compromisso de buscar e compartilhar conhecimento.
O trabalho social faz parte de todas as atividades do Instituto. Através de distribuição de alimentação de pessoas em vulnerabilidade alimentar e social. Hoje a gente doa diariamente comida para cerca de mil pessoas em situação de rua e em comunidades carentes. E a gente também desenvolve cursos de culinária, de reaproveitamento de alimentos para pessoas em vulnerabilidade social e alimentar.
O desenvolvimento do corpo mental acontece por meio dos cursos de Teologia da Umbanda, vivências de ervas e cristais. E o desenvolvimento do corpo espiritual, através dos ritos das giras, ritual para realização de trabalhos espirituais por meio de médiuns incorporando entidades.
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Pai Denisson: Junto com os nossos trabalhos, começaram também os episódios de intolerância religiosa, que hoje a gente chama de racismo. Eu sempre uso o filá, que é um tipo de chapéu que os sacerdotes de umbanda colocam na cabeça. O filá, na realidade, é um acessório do islamismo que foi incorporado por religiões de matrizes africanas.
Só por causa desse chapéu, eu recebo olhares de reprovação. Quantas vezes a gente distribui comida e as pessoas falam assim: “Ah, é comida da macumba. Não quero”. Uma vez, era dia 12 de outubro, e a gente estava distribuindo doces paras crianças na rua. A Polícia Militar abordou a gente com armas em punho. Do outro lado da rua, tinha um pastor evangélico dando marmitas sem ser incomodado.
Em outra ocasião, o nosso terreiro foi invadido. Cortaram os fios da instalação elétrica, que são de alta tensão, e deixaram atrás de uma árvore. Quem tocasse morreria na hora. Cortaram nossas plantas, que para a gente são sagradas, quebraram nossos objetos religiosos e destruíram nossas oferendas.
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Mãe Kelly: O meu primeiro episódio de intolerância religiosa foi dentro da minha família. Meus familiares não aceitaram a minha escolha. A minha mãe não chegou a saber que eu tinha me tornado umbandista. Em 2009, após uma cirurgia ela ficou em coma vegetativo, que durou 14 anos. Quando ela desencarnou, eu como Sacerdotisa me ofereci para fazer os ritos fúnebres, mas a minha família não permitiu.
Então, o Pai Denisson pediu para o padre Júlio Lancellotti, que é nosso amigo, realizar esses ritos fúnebres, e ele aceitou o convite. Eu acredito que a minha mãe não teria tido a mesma atitude. Afinal, foi ela quem me ensinou o conceito de tolerância. Minha mãe também me ensinou a fé, a lutar pelos meus propósitos de vida e a respeitar a todos... A Umbanda é uma religião livre, nossos mentores e guias nos oferecem o que há de melhor para nossas vidas, respeitando nosso livre arbítrio.
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Pai Denisson: Quando a gente está aberto para o outro, a gente para de se prender às nossas crenças limitantes. As religiões são criações humanas. A vida nos dá chances de aprendizado de diversas formas, não somente pela religião. Deus é uma energia que a gente acessa através do amor, não através do julgamento. Se a Terra é só um pontinho no universo, quem sou eu para dizer que eu sou melhor do que o outro?
Já passou da época da gente superar conflitos religiosos. Imagina se Deus quer conflito em nome dele? Deus nos dá determinadas liberdades para que a gente tenha opções. Se a gente não tivesse liberdade, Deus seria um tirano. Os caminhos e as encruzilhadas servem pro nosso desenvolvimento. Todo ser humano tem algo a nos ensinar.
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Geyze Diniz: Nossas histórias não acabam por aqui. Confira mais dos nossos conteúdos em plenae.com e em nosso perfil no Instagram @portalplenae.
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