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O papel da espiritualidade na velhice

Pesquisadores buscam na espiritualidade uma razão para a longevidade

28 de Junho de 2019


É importante entender como os idosos estão respondendo aos desafios e oportunidades que enfrentam ao ter uma vida mais longa. São muitos os percalços, como morte de entes querido, perda de capacidade física e a mudança representada pela aposentadoria.

Estudos apontam a importância da espiritualidade, principalmente no período do envelhecimento. Pesquisadores das universidades Duke e de Miami exploraram as dimensões espirituais de um grupo de centenários com o objetivo de descobrir seu significado nesse período.

Veja abaixo o que os centenários pensam sobre:

Espiritualidade.
A espiritualidade está preocupada com o fenômeno individual, tais como experiências pessoais do transcendente (além das preocupações e pensamento verbalizado), identificado com uma resposta às questões da vida e do significado da existência.

Religião.
Está mais intimamente associada a comportamentos específicos, sociais, doutrinais e características denominacionais, muitas vezes estreitamente identificadas com instituições religiosas, teologia prescrita e rituais. Estudos anteriores, que serviram de base para os pesquisadores, já indicavam funções e significados tanto da espiritualidade como da religião no curso das vidas de pessoas experientes.

Adaptação às mudanças.
A espiritualidade foi identificada como um elemento-chave de fortalecimento nessa faixa etária, pois ajuda na adaptação às mudanças inerentes ao tempo. Em muitos casos ajudam a identificar elementos positivos de uma situação difícil. Foi o que concluiu a pesquisa Busca pelo Significado, elaborada pelas sociólogas Monika Ardelt e Susan Eichenberger, publicada no Jornal da Religião, Espiritualidade e Envelhecimento, em 2008. A dupla comparou grupos de meia idade com o de idosos com doenças terminais.

Resiliência.
É recurso importante para alguns idosos, mas nem todos, à medida que expandem a consciência. Viver mais e aproximar-se inevitavelmente da morte evoca o pensamento contemplativo sobre o significado da vida, afirma o psicólogo junguiano James Hillman, autor do livro de Soul’s Code, in Search of Character and Calling, da Warner Books, de 1996. Outro autor, Lars Tornstam explora a ideia parecida na obra Gerotrancendence: The Contemplative Dimension of Aging , de 2005.

Ele escreve: “A gerontotranscendência seria uma transcendência individual em comunhão com o cosmo e o espírito universal redefinindo tempo, espaço, vida, morte e o próprio ‘eu’”. Robert Atcheley, gerontologista americano da Universidade Johns Hopkins, argumenta que a espiritualidade foi negligenciada pela gerontologia e pela ciência social.

No estudo Espiritualidade e Envelhecimento, ele sugere até mesmo um tratamento sistemático de espiritualidade como um direito pessoal e necessário para a expansão da compreensão do rico e complexo mundo da meia-idade e do envelhecimento.

Pesquisas indicam que certos idosos (aqueles para quem a religião e a espiritualidade são importantes) demonstram resiliência em suas narrativas sobre a vida e sobre o que eles atribuem a viver vidas longas. Algumas dicas de leitura sobre o tema:

As descobertas colocam luz sobre as experiências dos centenários. Elas deixam claro que espiritualidade e religião são mais do que construtos para os que têm essa experiência. Em especial, a religião proporciona conexão e significado às pessoas.

Leia o artigo completo aqui.

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Geyze e Abilio Diniz em "Eu te amo porque eu te conheço"

Representando o pilar relações, Geyze e Abilio Diniz dividem um pouco de sua trajetória de amor, no último episódio do Podcast Plenae

26 de Julho de 2020


Leia a transcrição completa do episódio abaixo:

[trilha sonora]

Abilio Diniz: Eu sempre tive grandes metas na vida. Sempre busquei me superar. Sempre fui uma pessoa competitiva em busca de conhecer e desafiar meus próprios limites. Isso valia para o meu trabalho, para os meus esportes que praticava e para minha vida. Eu tinha sido casado e tive quatro filhos: Ana, João, Adriana e Pedro. Posso dizer que tinha uma boa relação familiar, meus filhos sempre foram muito, muito importantes para mim. Sempre dei valor para relações pessoais, sempre soube que elas eram importantes, mas hoje eu percebo que faltava alguma coisa. 

[trilha sonora]

Introdução: Bem-vindo ao Podcast Plenae, um lugar onde você encontra histórias reais para refletir. Ouça e reconecte-se. 

No episódio de hoje, a história do empresário Abilio Diniz e de sua mulher, Geyze, é um exemplo de como a vida pode dar uma guinada para quem se abre para viver um amor. Eles representam o pilar Relações. No final do relato você ouvirá reflexões do monge Satyanatha, nosso convidado especial dessa temporada, para ajudar você a se conectar com o seu momento presente. 

[trilha sonora]

Abilio Diniz: Não é simples explicar o que faltava, porque sinto que a razão de ser dessa falta não estava nas outras pessoas, mas em mim mesmo. Depois da separação em meu casamento, passei 14 anos focado no crescimento do Grupo Pão de Açúcar e de outros projetos profissionais. Nesse período, além dos meus filhos, eu tinha uma namorada, amigos e parceiros de trabalho. Havia muitas pessoas à minha volta, mas na realidade, eu estava fechado para relações profundas. Eu sentia algum incômodo com isso, eu sentia uma grande solidão.

[trilha sonora]

Geyze Diniz: Eu me formei em Economia e fui trabalhar no Grupo Pão de Açúcar. Essa foi uma conquista importante para a minha carreira, não só porque eu entrei em uma empresa sólida com boas oportunidades, mas porque eu fui muito feliz lá.

[trilha sonora]

Eu gostava do trabalho, gostava das pessoas. Era um clima realmente positivo. Eu entrei na empresa como trainee do então superintendente do grupo, homem abaixo do Abilio Diniz na hierarquia. Eu já tinha visto o Abilio algumas vezes, mas a gente não se conhecia. O Pão de Açúcar era uma empresa que dava espaço pra criar, se desenvolver, construir. Eu me dediquei muito e cheguei ao cargo de Diretora de Planejamento Estratégico. Tenho muitas boas lembranças daquela época. 

[trilha sonora]

Abilio Diniz: Eu tinha 63 anos de idade e, naquele momento, tinha certeza que já tinha vivido minhas experiências como marido e como pai. Nem pensava em me casar novamente, muito menos ter filhos. Nem sequer namorar sério, até que um dia eu vi a Geyze. 

Geyze Diniz: Quando eu nasci, o Abilio já tinha 36 anos de idade, eram muitas as diferenças que nos separavam. Um dia, numa tarde no Grupo Pão de Açúcar, uma porta se abriu para nós, para mim e para o Abilio. E foi a porta de um elevador. Eu estava lá dentro, a porta abriu e o Abilio entrou. Eu não o conhecia pessoalmente, poucas vezes o tinha visto. Normalmente, as pessoas entram num elevador, e ficam de costas para quem está ao fundo. O Abilio ficou de frente pra mim, ele abriu um sorriso, e eu sorri de volta.

Abilio Diniz: Eu senti algo diferente quando vi a Geyze naquele elevador. Desde a primeira vez, senti uma grande necessidade de conhecê-la mais e me aproximar dela.

Geyze Diniz: Tivemos a sorte e a felicidade de nos encontrarmos. Num encontro de almas, como dizem alguns entendidos e eu acredito muito nisso. Antes da gente se envolver, começamos a conversar. Conversamos muito sobre todos os assuntos importantes pra nós. Essas conversas foram essenciais para construirmos uma base de companheirismo e de confiança, que temos até hoje. Quanto mais o conhecia, mais eu tinha a certeza de que aquela relação era diferente, que era algo pra valer e que um sentimento forte tomava conta de mim. Minha vida profissional continuava a mil e precisei fechar os ouvidos pra todos comentários maldosos que vinham naquele momento. Afinal, eu estava namorando o dono da empresa. O tempo foi passando, nossa relação foi ficando cada vez mais séria e estruturada, mas em algum momento, passei a sentir que pra equilibrar a minha vida e me sentir plena e feliz, era importante construir uma família, casar e ter filhos. E isso tinha que acontecer com o Abilio.  

[trilha sonora]

Abilio Diniz: Nosso namoro ia bem, muito bem. Nossas intensas conversas eram uma fonte de força para nós dois. Com a Geyze, eu senti pela primeira vez que eu poderia me entregar para uma pessoa na minha vida. Era diferente de tudo que eu tinha vivido e experimentado. Estávamos felizes namorando, passando tempo juntos, tudo era muito natural, porém, eu ainda tinha certeza que não queria casar e não queria ter filhos. Não era nenhum ponto de discussão para mim, era uma decisão sólida da minha parte e um ponto grave em discordância. Então eu tive medo, pensar no fim de um relacionamento tão profundo era doloroso. Então, decidimos buscar ajuda.

Geyze Diniz: Eu sentia que estava aberta para enfrentar o que viesse pela frente em nome desse amor. Fomos a terapia de casais e depois da primeira sessão eu tinha certeza que aquilo não daria em nada. O Abilio e o terapeuta estavam se comunicando bem e eu não conseguia me fazer entender. O Abilio já tinha vivido muito, tinha muita experiência e eu não sabia como fazer enxergar o meu lado, o que eu estava sentindo. Parecia naquele momento que não haveria uma solução, e seria muito triste nos trancarmos de novo em nossos mundos particulares, cada um dentro de si, depois de tantas conquistas juntos.

[trilha sonora]

Abilio Diniz: Em uma das sessões de nossa terapia, algo diferente aconteceu. Eu estava ouvindo a Geyze explicando o que sentia, o que pretendia com a nossa relação, o casamento, os filhos. De repente percebi como eu poderia lutar contra os planos dela, se era ela que estava correta. Eu sempre corri muito atrás do que eu queria, mas a vida me deu a chance de não estar mais sozinho e eu precisava me equilibrar com os projetos de quem estava comigo. Afinal, agora esse projeto não era só dela ou meu, era nosso. Ela estava falando de nós, eu concordei em formarmos uma família sem saber exatamente o que essa vida me reservava aos 63 anos de idade. Me abri para confiar em nós, me abri para me reinventar.

[trilha sonora]

Geyze Diniz: Primeiro fomos morar juntos. Depois de quase três anos, Abilio em uma de nossas viagens a trabalho a Paris me pediu em casamento num de seus restaurantes favoritos. Estávamos só nós dois, e embora pareça uma atitude usual, este foi um dos momentos mais marcantes da minha vida, pois aquele pedido não significaria apenas uma celebração ou uma festa, mas um marco, uma mudança de fato, de tudo que viria pela frente. A partir daquele momento passaríamos a ser uma família.

Abilio Diniz: Foi em setembro de 2004, nós nos casamos em dezembro. Nosso casamento foi um momento de renovação para mim e foi a concretização de algo muito planejado e desejado por mim e pela Geyze. Subimos ao altar com a música "Como É Grande o Meu Amor Por Você" e ali confirmamos essas palavras. Estávamos vivendo de fato um grande amor. Achava que meu momento como marido e pai tinha acabado, mas não, estava começando um novo jeito, um jeito diferente, um jeito especial.

 [trilha sonora]

Geyze Diniz: Nosso casamento sempre foi repleto de momentos muito bons, mas como qualquer relação, tivemos também fases desafiadoras.

[trilha sonora]

Uma das coisas que nos ajudou a superar as dificuldades foi a fé que temos em Deus e o quanto isso é forte pra nós. A nossa capacidade de conversar e o respeito que temos um pelo outro e por nossas opiniões também foram outros fatores determinantes. Desde o começo do nosso relacionamento, desde o início eu reforcei com o Abilio que na empresa ele era "o cara" e eu uma funcionária. Tudo certo com isso. Lá ele poderia ser 99% e eu 1%, mas em casa, na nossa vida pessoal, éramos um casal, 50, 50. Onde decidiríamos juntos o que fosse relativo a nós e assim foi, e é, até hoje. Isso nos permitiu separar as pessoas jurídicas das pessoas físicas e podermos viver nosso amor com todos os espaços para opiniões. Um fato muito marcante na nossa trajetória foi um episódio ligado a negociação do Grupo Pão de Açúcar com o Casino. Os últimos anos dessa negociação foram marcados por muita angústia e dúvidas e só saímos bem dela porque tínhamos bases fortes consolidadas na nossa vida pessoal, nos nossos valores, e volto a dizer, na fé que temos em Deus.

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Um dia durante esse período, lembro de olhar para o Abilio e dizer uma frase que é atribuída a Einstein a qual eu gosto muito: "Não adianta fazer a mesma coisa esperando resultados diferentes". Precisamos mudar o jeito que estamos fazendo. E foi por ele sempre levar em consideração as minhas opiniões que conseguimos mudar a rota e sair daquele círculo vicioso e concluirmos com sucesso aquela negociação. 


Abilio Diniz: Ao longo da minha vida passei por situações estressantes e desgastantes. O que mais me marcou nestes momentos foi a solidão. Quando olho para trás lembro de contar azulejos enquanto nadava na piscina para tentar me distrair e chegar em casa e não ter ninguém com quem conversar. O que mais me assombrava eram os fantasmas da madrugada. Com insônia crônica, passava as noites acordado pensando nos piores cenários. A presença da Geyze na minha vida é marcante. Nesse momento crítico da minha vida profissional, já ao lado dela, a solidão foi substituída por longas conversas na praia de mãos dadas, troca de conselhos sempre apoiados na experiência de negócio dela e muito companheirismo.

[trilha sonora]

Geyze Diniz: Aprendizado constante é uma coisa que ao longo da nossa trajetória eu sempre admirei muito no Abilio, a vontade dele em ser um eterno aprendiz, como ele costuma dizer. Eu ainda trabalho, tenho projetos em progresso, conquistei muito do que queira profissionalmente e quero ir mais longe. Mas eu não esperava que teria uma vida tão feliz equilibrando tudo: maternidade, casamento, trabalho e projetos pessoais. E que seria assim que eu viveria a minha melhor vida. Quando eu olho para trás são 20 anos de relacionamento. Não teve nenhum momento que eu penso que não valeu a pena Nós crescemos muito juntos e ainda aprendemos todos os dias.

Abilio Diniz:  As boas relações te trazem uma qualidade de vida maior e você tem que estar aberto. Hoje me relaciono melhor com meus filhos mais velhos, com toda minha família, com as pessoas que passam pela minha vida. Estar presente é estar comigo, é estar aberto para o outro, para conhecer os outros.

Geyze Diniz: Eu acho que a nossa história mostra que é possível. Apesar de todas as diferenças e dos objetivos pessoais, é possível se abrir para relações profundas. Estar aberto pra conhecer e respeitar o outro pode transformar nossas vidas. Transformou a minha e a do Abilio.

Abilio Diniz: Geyze.

Geyze Diniz: Abilio.

Abilio Diniz: Eu te amo.

Geyze Diniz: Eu te amo.

Abilio Diniz: Porque eu te conheço.

Geyze Diniz: Porque eu te conheço.

[trilha sonora]

Satyanatha: Chegamos ao fim da história da Geyze e do Abilio. A história deles é marcada por uma série de ousadias por parte dos dois. Ambos romperam os próprios padrões. Quando eles se encontraram, o Abilio talvez estivesse um pouco cansado da pessoa que ele era com aquela rotina e relacionamentos superficiais. E às vezes, quando a gente está pronto pra se transformar o outro vira um catalisador da nossa mudança. O Abilio foi abrindo a porta para a Geyze entrar na medida que ele conseguia, porque a coragem é algo gradual. Eles foram nessa dança até a sessão de terapia de casal quando o Abilio viu nela algo que ele também tem dentro de si, a garra e a convicção de perseguir os próprios sonhos. Num mundo em que os humores e a atração física oscilam tanto, a admiração é uma das qualidades que fortalecem o relacionamento duradouro. A gente não se transforma por qualquer um, é preciso amor e admiração para eu aceitar me transformar. Cada nova chance de amar é uma curva diferente de um espiral, não será uma repetição se a gente tiver abertura para amar e se transformar. 

[trilha sonora]

Finalização: Nossas histórias não acabam por aqui. Acompanhe semanalmente novos episódios e confira nosso conteúdo em plenae.com e no perfil @portalplenae no Instagram. 


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