Para Inspirar
A experiência de quase-morte, também conhecida como EQM, pode deixar marcas profundas em que a viveu - mas lições igualmente profundas também
1 de Dezembro de 2023
No terceiro episódio da décima quarta temporada do Podcast Plenae, conhecemos a história transformadora de Aline Borges, que viu a morte mais perto do que gostaria, mas que viveu também uma conexão profunda e eterna com o divino. É por isso que ela representa o pilar Espírito nessa nova edição.
Acometida por uma condição raríssima - a síndrome de Guillain-Barré -, a enfermeira lutou pela sua vida desde o diagnóstico, quando os primeiros atendimentos ainda a descredibilizavam e não legitimavam os seus sintomas. Depois, lutou pela sua vida em coma, período de quase duas semanas e um grande apagão.
Por fim, lutou pela sua vida quando, ao tentar ser extubada - procedimento comum que visa tirar o tubo respiratório do paciente e fazê-lo respirar de forma natural - ela sofreu uma parada cardíaca. E foi nesse momento que Aline embarcou numa jornada que, no mundo terreno, teve apenas um minuto, mas no mundo espiritual, durou uma vida inteira.
Sua experiência consistiu em, principalmente, conhecer a figura que hoje ela acredita ser Jesus. Mas, mais do que isso, ela conta ter sido capaz de ver a sua vida toda passar como um filme, sobretudo os erros, para que ela pudesse aprender. Aline ainda revela ter sido expostas a acontecimentos que só se dariam no futuro - e que de fato se concretizaram com o tempo.
O que a nossa participante viveu não é inédito, apesar de ser único à sua maneira para quem vive. Diversas pessoas relatam ter visitado “o lado de lá” durante uma experiência de quase morte, as EQMs. Contamos um pouco mais sobre elas aqui, esse fenômeno cada dia mais observado também pela ótica da ciência, e não só pela ótica do sagrado.
Mas, afinal, qual o ensinamento que essas experiências deixam para quem as vive? Fomos atrás de relatos que pudessem nos dar algumas pistas!
A jornalista Tatiana Ferraz escorregou na escada de casa. O que parecia um acidente doméstico limitado foi o começo de uma outra jornada: no hospital, foi constatado um aneurisma cerebral, muito provavelmente causado pela queda. Isso a levou para a mesa de cirurgia, onde a morte era uma possibilidade clara.
“Isso me modificou porque antes de entrar numa sala de cirurgia sabendo do risco, passa um filme na sua cabeça. Você lembra de tudo, lembra da infância, das pessoas, do marido, dos filhos. E isso faz com que, na hora que você acorda e vê que tudo passou e que você está bem e nada aconteceu, você olha pra tudo valorizando mais. Tudo poderia ter acabado, mas não acabou”, lembra.
No caso de Ferraz, não houve esse contato tão íntimo com o divino vivenciado por Aline. Mas houve um sonho. “Na véspera dessa cirurgia, eu sonhei com a minha mãe, que já é falecida. Ela veio no sonho, tocou meu coração e saiu andando. Eu acordei, lembrei muito desse sonho, imaginando que de onde quer que ela esteja, ela poderia me ajudar”, diz.
Para Tatiana, não é preciso que ninguém passe por essa experiência para valorizar mais a vida. “É uma vivência basicamente ruim, uma coisa de muito medo, angústia, apreensão. Mas ela ensina a ter paz, porque o que que tiver que acontecer, vai acontecer. É preciso esperar as coisas tomarem o seu rumo natural”, conclui.
Em um trecho de One More Time, música do trio californiano blink-182 que dá nome ao último álbum, o baixista e vocalista Mark Hoppus canta o seguinte trecho: “Eu gostaria que eles tivessem nos dito / Que não deveria ser preciso uma doença /
Ou aviões caindo do céu / Eu tenho que morrer para ouvir você dizer que sente minha falta? / Eu tenho que morrer para ouvir você dizer adeus?”.
A canção faz menção ao retorno da banda que, após algumas idas e vindas, resolveu entrar em uma turnê cuja essência é a nostalgia. Isso porque, mais do que uma banda, o trio é composto por amigos de longa data que se desencontraram em opiniões e preferências particulares. Esses desencontros não afetaram somente os rumos do grupo, como os rumos da amizade em si.
Mas, em 2021, Hoppus foi diagnosticado com um tipo de câncer sanguíneo gravíssimo e em estágio avançado. Depois de uma longa jornada de tratamentos e contrariando algumas expectativas médicas, ele se curou e voltou a tocar. Mas, melhor do que isso: voltou a tocar com o blink-182.
A sua experiência de quase-morte, afinal, pode não ter sido tão súbita quanto a de Aline e de Tatiana, mencionadas anteriormente. Uma doença ameaçadora de vida traz ensinamentos igualmente poderosos e há ainda o agravante de se estender por dias, meses, mantendo o enfermo nessa condição reflexiva que é sim, muito angustiante, mas igualmente transformadora.
“Para Hoppus, o ano passado não apenas aprofundou seu apreço por sua família e amigos, mas também o ensinou a lidar com o horror inesperado com humildade, graça, humor, e – esta é a novidade – um coração aberto que ainda está aprendendo a se sentir merecedor”, escreve Chris Gayomali, editor de artigos da GQ em sua entrevista com Mark Hoppus logo após a remissão de seu câncer.
“Pensei muito sobre minha própria mortalidade, pensei muito sobre o que aconteceria quando eu partir”, disse ele. “E então tenho ouvido 'Adam's Song' e pensei: Sim, amanhã haverá dias melhores”, conta Hoppus na mesma entrevista, fazendo menção a uma música mais antiga de blink-182 que fala justamente sobre a morte.
Vale dizer que o baterista da mesma banda, Travis Barker, também vivenciou uma experiência de quase morte em 2008, quando o jato particular em que ele voaria colidiu com um barranco ainda na decolagem, provocando um incêndio do qual somente ele e outro passageiro saíssem vivos. O acidente rendeu três meses de hospital, um livro de memórias com passagens marcantes sobre o acontecimento e mais de uma década sem voar.
Um de seus principais aprendizados foi, na verdade, uma conquista: largar o vício em remédios. “As pessoas estão sempre tipo, ‘Você foi para a reabilitação?’”, comentou o artista em conversa com a revista Men’s Health. “E eu [digo] ,‘Não, eu estava em um acidente de avião’. Essa foi a minha reabilitação. Perder três de seus amigos e quase morrer? Essa foi a minha chamada para despertar. Se eu não estivesse em um acidente, provavelmente nunca teria desistido”.
Hoje, superado o trauma, Travis olha para esses dias com profundo respeito, já que estar diante da morte de imediato o deu mais vontade de morrer. Ele conta que até mesmo ofereceu dinheiro para que terminassem com esse sofrimento e que a depressão na qual ficou mergulhado o fazia pensar no porquê de ter sobrevivido. E mesmo diante de toda essa carga emocional e física, ele conseguiu vencer o vício.
Uma reportagem do UOL Tab trouxe um relato impressionante e bonito de quase morte da jornalista Valéria Palma. Foi durante um acidente de carro, em 1991, que ela fez as pazes com a morte e realmente sentiu o momento chegar, ainda que ela tenha sobrevivido. "Foi o melhor momento da minha vida estar morta", conta ao site.
Na semana anterior, ela havia sonhado com um acidente de carro fatal. A lembrança desse sonho, que a tomou no momento em que estava presa às ferragens, soou como uma confirmação. “Senti que estava morrendo. Não era um raciocínio, mas uma consciência da morte. Percebi que estava indo embora", rememora.
Seu único desejo era que a família soubesse que ela estava bem. Mas ao pensar nisso, em seguida foi sugada para um túnel extremamente branco. Seu corpo, como conta a reportagem, deslizou suavemente pelo túnel, onde não havia ninguém, e se dividiu em partículas que foram se diluindo na luz. Por fim, tornou-se parte dele. Mergulhou sem medo na sensação de leveza, paz e plenitude e quis ficar ali para sempre”.
"Senti que a existência era aquilo. Como se o universo fosse aquele momento", recorda. Despertou numa maca do Hospital Municipal de Itanhaém, acreditando estar morta, pois não se viu voltando do túnel. Então ouviu vozes de dois médicos. "Ela acordou", disse um deles. Acabava ali a sua experiência de quase morte, experiência que a marcaria para sempre.
Apesar de não falar muito sobre o assunto, Valéria conta que a experiência de quase morte a acompanha o tempo inteiro — mesmo depois de 30 anos. Foi em um curso de tanatologia (estudo científico da morte), muitos anos depois, que ela ouviria pela primeira vez o termo EQM. Ela ainda conta que falar ajuda a afastar o desconforto inicial que o tema lhe causa.
Ela não interpreta a experiência como sendo religiosa, mas sim espiritual, “por não ser desse mundo” - relato muito parecido com o de Aline. Mesmo sem saber onde esteve, ela abre um sorriso quando diz que era maravilhoso. "Na hora, tive a percepção de que ali era a origem da vida. A morte parecia ser a origem de tudo. É dali que tudo nasce. Portanto, é para lá que tudo vai", contou ao UOL.
De lá para cá, ela trouxe o tema da morte à mesa e continua convivendo com a finitude. Há alguns anos foi voluntária na área de cuidados paliativos, que te contamos mais aqui, e também atua como terapeuta do luto. O segredo de não achar o trabalho pesado? Entender que partir é algo natural, uma viagem na qual todos nós embarcaremos.
Os relatos são infinitos, poderíamos trazer centenas deles aqui. Mas, o que parece comum a todos é uma sensação de gratidão que impera a todos que sobreviveram. Além disso, um outro ponto comum para aqueles que experimentaram “o lado de lá”, é retratá-lo como um lugar de paz, que dá vontade de ficar.
É certo que só saberemos o que há de fato na outra dimensão - se é que ela existe - quando a nossa hora chegar. Mas, fazer as pazes com a finitude pode ser um bom caminho para experimentar o que esses pacientes experimentaram sem ter que realmente correr risco de vida. Comece a praticar essa gratidão em estar vivo ainda hoje! Acredite: o amanhã não é garantido.
Para Inspirar
Como a ciência encara a máxima de que o nosso pensamento tem o poder de atrair o que queremos que se concretize
2 de Setembro de 2022
No terceiro episódio da nona temporada do Podcast Plenae, ouvimos o relato emocionante da cantora e atriz Mariana Rios, representando o pilar Espírito. Nele, ela contou como uma tragédia precoce em sua vida moldou seus pensamentos para sempre, tornando-se uma espécie de personalidade à prova de tempo feio, como ela própria gosta de falar.
Mas mais do que otimista, Mariana fala sobre um termo bastante conhecido, mas pouco explorado profundamente: a Lei da Atração. Para ela, muito do que ela conseguiu em sua vida deve-se ao fato de, primeiramente, ela ter acreditado que conseguiria. Esse “pensar com força e alegria” que ela pratica foi a mola propulsora para que ela atingisse objetivos que antes pareciam inatingíveis.
O assunto já foi tema central de um best-seller chamado “O Segredo”, de Rhonda Byrne, que não só vendeu milhares de exemplares como também foi adaptado para um filme posteriormente. Mas afinal, o que pensa a ciência, a religião e as correntes filosóficas sobre o tema? Como é possível ser mais positiva e pensar com mais força em seus sonhos? Há um manual? É isso que iremos explorar a seguir!
A ciência
Não há quem não saiba do ceticismo da ciência diante dos mais variados temas. Mas a boa notícia é que nada é uma unanimidade, até porque, por trás de todo estudo, há um ser humano conduzindo-o, e é impossível dissociar suas crenças pessoais de forma completa.
Para a física, de modo bem resumido, energia é a capacidade de um corpo executar um trabalho ou realizar um movimento. O magnetismo, capacidade de alguns materiais se atraírem ou se repelirem, também é outro termo bastante encabeçado por fiéis da lei da atração. O mais curioso é que, para a física, é preciso que os pólos sejam opostos para se atraírem, enquanto para a crença popular, se pensar positivo, você irá atrair positivo.
Mas a ciência, apesar de se manter desconfiada diante do tema, acredita em partes que podem se relacionar. Por exemplo, o fato de que os acontecimentos da natureza são tão interligados que o bater de asas de uma borboleta no Brasil pode causar um tornado no Japão se for observado em cadeia.
Isso, de certa forma, conversa com a crença de que o seu posicionamento diante dos acontecimentos de sua vida vão refletir em seus desdobramentos. Acordar mal humorado vai ditar o resto do seu dia, muito provavelmente. É o efeito dominó, mas aplicado em circunstâncias menores e individuais.
Segundo Adilson José da Silva, professor do Instituto de Física da USP, para a revista Superinteressante, a Lei da Atração, que diz que os pensamentos criam campos energéticos à nossa volta, nunca foi comprovada por nenhuma pesquisa. Para o físico Ernesto Kemp, professor do Instituto de Física da Unicamp, isso tudo está mais relacionado aos estudos da psicologia humana do que à física.
“É verdade que, no cérebro humano, ocorrem estímulos elétricos o tempo todo. Mas os pulsos elétricos liberados durante as sinapses são tão fracos que a probabilidade de o campo eletromagnético que você está gerando com suas sinapses interagir com o de outras pessoas é nula”, diz.
Mas, falando em sinapses, é fato que um pensamento positivo irá desencadear a liberação de hormônios importantes para a sensação de bem-estar. Projetar-se em uma situação agradável ou de conquista tem sim um efeito imediato para acalmar ou alegrar o indivíduo, por exemplo. A simples contração de músculos que um sorriso causa já é mensagem positiva para seu cérebro.
Um estudo feito na Universidade de Harvard descobriu que pensar positivamente pode fazer bem para os pulmões. Os pesquisadores avaliaram o estado de saúde de 670 homens na faixa dos 60 anos de idade e também aplicaram testes de personalidade para identificar quem eram os otimistas e os pessimistas. As respostas vieram 8 anos depois, constando que os bem-humorados tinham um sistema imunológico mais forte e mais resistente a doenças pulmonares.
Outro estudo, feito pelo Instituto Delfland de Saúde Mental, na Holanda, monitorou homens com idade entre 64 e 84 anos durante 15 anos e concluiu que a incidência de infartos e derrames foi menor entre aqueles que tinham uma atitude positiva. Os otimistas apresentaram ainda 55% menos risco de ter doenças cardíacas.
“No estresse crônico predomina a ativação do córtex das glândulas supra-renais com produção de cortisona, que é um hormônio imunossupressor, ou seja, que diminui a ação do sistema imunológico”, explicou à Super o médico Régis Cavini Ferreira, especialista em psiconeuroendocrinologia, uma área que estuda a relação entre cérebro, hormônios e comportamento.
Física quântica
A princípio, a física quântica pode parecer um bicho de sete cabeças. Seus estudos buscam entender o movimento dos átomos e partículas subatômicas, mas, diferente da física clássica, a quântica assume a imprevisibilidade do comportamento das partículas microscópicas, abrindo margem para múltiplas possibilidades.
Sendo assim, de certa forma podemos influenciar sim em nossa própria realidade e a que nos cerca. Do mesmo jeito que somos capazes de modificar o destino de uma molécula ou elétron, moldando nossa mente para o que queremos, ajustando o “mindset”, termo bastante popular atualmente, também conseguiremos modificar o nosso próprio destino.
Essa proatividade, ou seja, agir de maneira ativa em sua vida, é resultado de um pensamento fortalecido. Você não irá atrás de um objetivo se não realmente acreditar que ele é possível de ser realizado. E é a força dessa crença que pode mudar o seu futuro - ou ao menos, tornar o trajeto mais palatável.
Além disso, como dissemos anteriormente, a ciência acredita que tudo está conectado, basta ver a extensa cadeia de comunicação dos fungos - tudo praticamente invisível a olho nu, mas operando em perfeita harmonia. Se tudo está conectado, então seu pensamento é capaz de modificar a sua realidade.
Para a física quântica, é possível mexer em um átomo na cidade de São Paulo e ele influenciar um outro átomo na cidade de Buenos Aires, em outro país, como se o espaço e o tempo não existissem da forma como conhecemos. Esse fenômeno é conhecido como “entrelaçamento de partículas”, ou “ação fantasmagórica a distância”, batizada por Einstein. Ela deu respaldo à crença na sincronicidade, ou seja, de que não há coincidências e que tudo no Universo está ligado.
É preciso ter em mente ainda que mente e corpo não são fatores separados, e sim, interligados. É simples: se você está de cama por conta de uma doença, automaticamente estará com o seu humor também prejudicado. E vice-versa, certo? Se você estiver mais para baixo, principalmente por um tempo estendido, isso afetará certamente o seu corpo.
Religião
Se a Lei da Atração envolve acreditar, em primeiro lugar, é claro que a religião não poderia ficar de fora, já que fé é a base que constitui os diferentes dogmas. Como dissemos no início desse artigo, o Budismo - que não se caracteriza como religião, e sim, como filosofia de vida - é uma das correntes que mais prega a existência de um campo energético e de como o seu posicionamento perante a vida faz a diferença.
Mas o Budismo não é o único. Há ainda nomes como Cientologia, uma religião que tem Tom Cruise e Elizabeth Moss dentre os adeptos, e que trata justamente dos poderes da mente, quase uma ficção científica. A Cultura Racional, difundida aqui no Brasil pelo cantor Tim Maia em seu disco “Energia Racional”, também prega o poder de colher frutos a partir do que você emana. Te contamos mais sobre religiões diversas aqui neste artigo.
Há muitas outras ainda a serem citadas que, a depender da interpretação, abrem margem para que a Lei da Atração seja colocada em prática, sem contar as correntes filosóficas através dos séculos. E você, acredita que seu pensamento pode modificar a realidade ao seu redor? Lembre-se do que ensinamos quando falamos em estoicismo: é o seu posicionamento diante dos acontecimentos que vai definir seus desdobramentos.
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