Entrevista com
Ginecologista
Inspirados na atriz Claudia Raia, que revelou sua gravidez aos 55 anos, conversamos com um médico especialista para entender esse universo
22 de Setembro de 2022
Com o avanço da ciência, congelar óvulos e fecundá-los de forma assistida tem sido cada dia mais uma opção de sucesso - como foi o caso da atriz Claudia Raia. Aos 55 anos, a artista conta que já tinha congelado óvulos, mas acabou engravidando de forma natural - o que é muito raro.
Edward Carrilho de Castro, médico ginecologista especialista em reprodução assistida, foi nosso entrevistado para explicar um pouco mais desse universo da maternidade na maturidade. Confira a conversa!
Quais são as chances de engravidar após os 50 anos?
Essa pergunta eu dividiria em subitens. Quando a gente fala de uma gestação espontânea acontecer depois dos 50, a gente fala de uma questão bem anedótica, bem difícil de acontecer. É muito improvável que aconteça, as chances de aborto e más formações associadas é muito alta, por isso que acaba virando notícia de jornal mesmo, porque realmente é muito raro. Agora quando a gente pensa em pacientes que já congelaram os óvulos, por exemplo, por volta dos 30 anos, e o útero não tem problema nenhum, eu vou ter uma taxa de sucesso muito parecida com a idade que ela tinha quando congelou os óvulos.
E se esse óvulo for doado?
Se for uma paciente de 50 anos que vai aceitar a ovodoação, eu vou conseguir taxas de sucesso equivalentes a pacientes com óvulos de 30 anos, vai ser a idade da doadora que vai ditar muito desse sucesso. Tanto é que existe uma regra no Conselho hoje em dia que diz que a idade dos óvulos é a questão relacionada com o número que a gente pode transmitir na fertilização. Então uma paciente que recorre a ovodoação eu vou poder transferir no máximo 2 óvulos. Já na paciente de 50 a gente tem uma tendência a transferir menos pra evitar gestação gemelar por ser um risco um pouco mais alto.
Quais são os riscos tanto durante a gravidez quanto no parto, para ambos os envolvidos (parturiente e bebê)?
São riscos realmente um pouco aumentados, a gente tem um risco mais alto de hipertensão e diabetes, e isso algumas vezes vai levar a um risco um pouco mais alto de prematuridade ou outras consequências para o bebê. Quando a gente fala da ovodoação e transferência de embrião, essas pacientes em geral acabam fazendo uma avaliação clínica prévia, como um eletro de esforço, já passaram com cardiologista, já fizeram toda uma avaliação. E elas normalmente são muito cuidadosas e isso ajuda muito na evolução da gestação.
Para quem está tentando, qual caminho mais seguro a pessoa deve trilhar?
O caminho mais seguro é esse caminho que eu falei dessa busca por uma avaliação prévia, passando com cardiologista, fazendo uma avaliação clínica geral, e tendo uma vida até bem mais saudável do que uma paciente de 30 anos. A gente precisa pensar na opção da ovodoação, por conta da qualidade, taxa de sucesso e quando a gente pensa em uma gestação saudável a gente tem que pensar nisso também, porque o risco de malformação é muito alto nessas gestações. A maior parte das gestações depois dos 50 anos vão invariavelmente terminar em um abortamento quando a gente fala de óvulos próprios. Agora, quando a gente fala de óvulos doados, a taxa de abortamento é baixa, como uma pessoa mais jovem.
Em tempos onde a longevidade é cada vez mais discutida dentro e fora da ciência, na sua opinião, será mais comum mulheres mais velhas grávidas?
A gente tem tido cada vez mais pessoas preocupadas com a saúde, uma longevidade que tem ficado evidente em todos os aspectos, tanto para homens quanto para mulheres. Isso junto do desejo de postergar a gestação e das aberturas da nova revolução sexual que a reprodução assistida trouxe pras mulheres (que é o congelamento de óvulos precoce, antes do período da menopausa, quando o óvulo ainda tem bastante qualidade), traz ainda mais força para esse postergamento. Tudo isso me leva a crer que realmente teremos cada vez mais gestações tardias em mulheres que se cuidam bastante e são bem saudáveis. São gestações viáveis e com grande possibilidade de acontecer. É lógico que com o passar dos anos, outros problemas podem surgir, por exemplo miomas, endometriose e outros problemas não só relacionados ao potencial e qualidade do óvulo. Mas o processo em si pode acontecer tranquilamente.
A cantora conta a história de como encontrou o amor sem estar procurando por ele - e como sua vida virou do avesso depois desse encontro.
6 de Setembro de 2021
Até onde você iria por amor? A cantora que canta e encanta o Brasil há décadas, Daniela Mercury, não poderia representar melhor o pilar Relações na sexta temporada do Podcast Plenae. Casada há 8 anos com Malu, a precursora do axé no país teve que se despir dos medos para poder enfim assumir a sua linda história de amor.
Começou de maneira espontânea, em um almoço quando sentaram-se ao lado e dividiram suas angústias sem sequer se conhecer. Daniela se encantou com a sensibilidade de Malu, que conseguia enxergar a cantora não só como artista, isenta de imperfeições, mas como um ser humano que possui suas inseguranças e dúvidas. “É difícil saber em que momento nasce a paixão. O que eu sei é que, daquele dia em diante, o rosto e as palavras de Malu nunca mais saíram da minha cabeça”, conta.
“Normalmente as pessoas não se preocupam com os artistas. Olham pra gente, como se a nossa vida fosse perfeita, sem problemas, o que obviamente não é verdade”. Aquilo lhe tocou tanto que, mesmo sem encontrar com Malu por muito tempo, Daniela seguiu pensando nela sem entender o porquê.
Até que um dia decidiu mandar mensagem e começar a se aproximar. De bate-papos banais, passaram a se aprofundar até que Daniela arriscou e mandou um poema e depois outro e, enfim, pôde perceber que esse sentimento tão novo que lhe aflorava era correspondido.
“Paixão é um sentimento agudo e fascinante. Quando acontece, incendeia a gente por dentro, é um rebuliço, um tumulto. A paixão é deliciosamente perigosa. Sem ela a vida fica chata e burocrática. Eu sou inconsequente. Quando a paixão vem, eu me jogo”.
E se jogou. As duas começaram a escrever sua linda história de amor e, em viagem a Paris, trocaram alianças. Em seguida, depois de refletirem por toda uma noite como seria esse anúncio para o mundo, decidiram postar no Instagram sobre o relacionamento e esperar a repercussão que, como já era de se esperar, veio com força.
“Eu nunca gostei de falar sobre minha vida pessoal, prefiro dar entrevistas sobre o meu trabalho. Mas não dava pra esconder. Além do mais, anunciar o nosso casamento não era só comunicar o amor entre duas pessoas. Era um ato contra o preconceito. Quando anunciei que estava apaixonada por Malu, o tema das relações homoafetivas entrou nas casas das pessoas. Foi uma vitória enorme para nós e pra causa LGBTQIA+”, relembra a cantora.
A partir daí, Daniela que já tinha um forte apoio de sua família, passou a contar com o apoio do seu público, que abraçou a causa. Mesmo já estando envolvida há muitos anos com questões sociais, ela conheceu de perto o quanto a homofobia pode machucar alguém, e passou a lutar pela causa ainda mais.
“O preconceito é cruel, rouba oportunidades de trabalho e de sucesso profissional e pessoal e destrói vidas. E é ainda mais impiedoso com as crianças e adolescentes, vários são expulsos de casa e ficam em situação de rua, perdendo totalmente o contato com suas famílias. Nesses 9 anos de dedicação mais profunda à causa LGBTQIA+, eu compreendi melhor como a invisibilidade social e o discurso de ódio desumanizam os grupos minoritários”.
Você conhece um pouco mais sobre essa linda história de amor, coragem e militância na sexta temporada do Podcast Plenae, disponível no seu streaming de preferência. Aperte o play e inspire-se!
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