#PlenaeApresenta: Verônica Hipólito e a resiliência como regra

Na sétima temporada do Podcast Plenae, inspire-se com a história de persistência e resiliência da atleta paralímpica Verônica Hipólito.

21 de Fevereiro de 2022



Para você, o que é resiliência? Para Verônica Hipólito, é a insistência em se levantar, mesmo quando a vida já te derrubou algumas vezes. Representando o pilar Mente, a atleta já encarou quatro grandes cirurgias que poderiam ter encerrado sua carreira ali mesmo, mas resiliente como é, ela não permitiu. 


“Eu tenho 25 anos e já passei por quatro cirurgias, três no cérebro e uma no intestino. Também sofri um AVC, que deixou uma sequela de paralisia no meu corpo. Mas eu não só isso. Eu também sou campeã mundial nos 200 metros rasos, tenho sete medalhas pan-americanas, duas medalhas paralímpicas, uma de prata e outra de bronze. Sou uma das oito mulheres mais rápidas do mundo de todos os tempos do esporte paralímpico.”

 

Seus pais, professores de história, acreditavam no poder educacional que o esporte possui e a inscreviam em diferentes modalidades desde criança. Ao se preparar para sua primeira competição, na época, de judô, ela descobriu seu primeiro tumor no cérebro com apenas 12 anos. 

 

“Eu operei, e depois da cirurgia soube que não poderia ir pro campeonato nacional. Na verdade, eu nem sequer poderia lutar judô novamente, nem praticar qualquer modalidade de impacto.

 

Foi quando, ironicamente, o atletismo entrou em sua vida. Ao ser proibida de praticar modalidades de impacto como luta, seu pai, na intenção de animá-la, a inscreveu em um festival onde ela correu pela primeira vida e decidiu que queria ser “a menina mais rápida da cidade”.

 

E foi. Verônica, aliás, ganhou mundiais que a alçaram à posição de atleta paralímpica mais rápida do mundo inteiro. Um futuro promissor à sua frente, que quase foi interrompido até descobrir mais de 200 tumores benignos em seu intestino, mas que exigiam cirurgia de remoção. 

 

“De novo: problema versus solução. Eu acreditei na ciência e encarei a cirurgia pra retirar 90% do intestino grosso. Me recuperei e voltei a correr, consegui índice pros jogos paralímpicos e fui pro Rio de Janeiro. Foi a minha consagração. Eu ganhei a medalha de prata nos 100 metros rasos e o bronze nos 400 metros.”

 

Novamente: caiu e se levantou. Até que caiu novamente: outro tumor no cérebro que exigiu duas cirurgias e interrompeu sua carreira por um longo período. Nessa altura do campeonato, ela verdadeiramente achou que não havia mais o que fazer para seguir realizando o seu sonho. 

 

“Foi muito frustrante. Eu me perguntava: por que eu? Se tem tanta gente que faz coisa errada, por que isso acontece comigo? Por que minha família tem que passar isso de novo? Eu busquei uma resposta em vários lugares: no catolicismo, no protestantismo, na umbanda, no espiritismo, no budismo, em tudo que tinha “ismo”. E não encontrei um por quê. Ninguém desceu do céu pra falar comigo. Eu não queria mais treinar. Sentia muita raiva o tempo todo. Só raiva, raiva, raiva. Demorou um tempo pra eu entender que aquele não era o melhor jeito de encarar as coisas.”

 

Até entender que raiva não era o melhor caminho e fazer as pazes com as suas dificuldades. Mais do que isso: enfrentá-las. Verônica começa com passos leves, até as primeiras medalhas desse novo período de sua vida e um convite inesperado para comentar as paralimpíadas de Tóquio.

“Muita gente brinca que a vida não é uma corrida de 100 metros, mas sim uma maratona. A minha vida provavelmente é uma maratona, de tantas coisas que acontecem. Mas uma maratona formada por ciclos de 100 metros. E uma corrida de 100 metros não é definida em 12 segundos, ou em 9, se o atleta for o Usain Bolt. O resultado é definido no dia-a-dia, quando você decide se levantar ou ficar na cama, sentar e chorar ou ir pra cima.” 

 

Hoje, sua atenção está voltada para as próximas paralimpíadas, sediadas em 2024, em Paris. “Todos os dias, eu coloco um tijolinho na construção da minha final Paralímpica, na medalha de ouro que eu quero buscar em Paris. Vou operar o cérebro pela quarta vez e voltar aos treinos. Seria impossível eu voltar a andar depois do AVC. Eu voltei a correr. Seria impossível eu conseguir ser reconhecida no mundo esportivo. Eu me tornei a mulher mais rápida do mundo e me tornei medalhista olímpica. Seria impossível eu ir pra Tóquio. Eu fui, de uma maneira inesperada, mas fui. Nada é impossível. Trabalho duro, humildade, honestidade e resiliência nos levam para lugares incríveis. Tente.”

 

E há alguma dúvida de que ela vai chegar onde espera, qualquer que seja a sua linha de chegada? Inspire com esse potente relato na sétima temporada do Podcast Plenae, disponível no seu streaming de preferência.

Compartilhar:


#PlenaeApresenta: Drauzio Varella e a missão diária de um mundo melhor

O Plenae Apresenta a história do médico Drauzio Varella, participante da nona temporada do Podcast Plenae!

19 de Setembro de 2022



Preencher seus dias com significado deveria ser regra para todos nós, mas infelizmente, o propósito ainda não encontrou seus destinatários e muitos morrem sem ter conhecido o seu. O médico nacionalmente conhecido, Drauzio Varella, encontrou o seu a tempo - para sua sorte e de todos atendidos pelo seu trabalho. 

Não por acaso, ele encerra a nona temporada representando o pilar Propósito contando como seu caminho cruzou com os corredores da penitenciária. Tudo começou nos anos 80, quando o HIV ainda sofria o triste estigma de ser a “doença dos homossexuais”, o que hoje sabemos se tratar de uma compreensão equivocada e preconceituosa.

Durante a epidemia de Aids, Drauzio esteve em um congresso em Estocolmo onde viu pela primeira vez a frase de Dante Alighieri: “No inferno, os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempos de crise”. Essas palavras ficaram ecoando em sua mente e o fizeram refletir sobre seu futuro: seus netos se orgulhariam de seus passos?

Essa e outras angústias foram divididas com seu amigo, Fernando Vieira de Mello, que decidiu gravar tudo que o amigo dizia e publicar sem que ele soubesse. O que parecia seu fim, já que médicos respeitados na época não costumavam falar com o público e nem com veículos, foi na verdade seu começo.

A partir dessa entrevista publicada na Rádio Jovem Pan, ele foi convidado para o Fantástico - que seria sua casa no futuro, fato que ele ainda nem imaginava - e, por fim, para dar uma palestra sobre o tema HIV na Casa de Detenção de São Paulo, popularmente conhecida como Carandiru. “Aquele lugar era praticamente uma cidade, com vários pavilhões que chegaram a abrigar 9.000 homens presos”, recorda. 

A palestra foi um sucesso, mas as próprias autoridades não queriam tomar medidas para conter o vírus nos passos seguintes. A visita à cadeia tomou tanto conta do seu ser que ele não queria mais parar, não pensava em outra coisa, e mesmo sua mulher relatou nunca ter o visto tão calado. Na época, ele tinha 47 anos e uma carreira consolidada como oncologista.

“Vem da infância a minha atração por filmes de cadeia. Eu adorava assistir aos filmes de presidiários que planejavam fugas cinematográficas, nas salas de cinema do Brás, o bairro onde eu cresci. A mesma tensão que me eletrizou no cinema tomou conta de mim quando eu entrei na Detenção. O bater das portas de ferro, os guardas com metralhadora na muralha, os presos de calça cáqui soltos nos pátios, os carcereiros, os doentes com aids em fase terminal não me saíam da cabeça nas semanas seguintes. O impacto do Carandiru em mim foi enorme”, conta. 

No Carandiru, ele permaneceu até sua implosão, no triste episódio do massacre em 1992. Depois disso, foi para uma penitenciária feminina, onde contou que teve que reaprender tudo que sabia de cadeia, já que a realidade entre as mulheres era completamente diferente.

“Na cadeia, eu aprendi o que era realmente a condição feminina. Entendi o massacre que a sociedade brasileira faz com as mulheres, especialmente com as mais pobres, mas não só com elas. Entendi que algumas mulheres só têm liberdade sexual na cadeia. Olha a contradição. É que na prisão, ela pode fazer o que ela quiser. Pode namorar outra mulher, pode fazer o papel de marido e a outra faz de mulher, pode cortar o cabelo feito o homem, pode deixar os pelos do corpo crescerem. Não tem repressão”, diz. 

Na penitenciária feminina ele permaneceu até 2020, quando começou a pandemia. Agora, em 2022, ele retornou aos presídios, mas dessa vez o masculino novamente: o Centro de Detenção Provisória do Belém, na zona leste de São Paulo. Ele hoje se dedica somente ao seu trabalho voluntário e como comunicador, na Rede Globo, sobre assuntos médicos. Largou de vez sua clínica particular.

“Hoje, eu agradeço a clarividência e a determinação que eu tive aos 47 anos de idade ao enveredar por esse caminho. Impossível imaginar quem eu seria agora se não fosse o contato com esse mundo que transformou a minha vida pessoal, a forma de entender a sociedade, o país e as paixões humanas”, revela. 

Para ele, sua experiência com presos e presas o fez enxergar a vida de forma diferente, conviver com pessoas de realidades e crenças tão distintas da sua é na verdade algo que o enriquece diariamente como indivíduo, movimento que ele acredita que deveria ser comum para todos, entrar em contato com o diferente. 

“A nossa tendência é sempre conviver com os iguais, com pessoas parecidas com a gente. Se possível da mesma faixa etária, classe social, situação financeira e candidato à presidência da república. Quando você está entre os seus semelhantes, tem segurança de que não vai acontecer nada desagradável. O que é ótimo, claro. O problema é que você começa a ver a realidade no mesmo ângulo o tempo inteiro. As pessoas vão te falar coisas com as quais você concorda e, inclusive, já sabia. Você perde espaço pro contraditório, pro desencontro, para outras formas de enxergar a realidade. As consequências são a perda da empatia, o desinteresse pelo outro, o conformismo e o medo de mudanças. A cadeia é uma experiência tão enriquecedora, que eu não consigo ficar sem ela”, pondera.

Aos 79 anos, ele nem pensa em parar, não consegue se projetar em uma situação onde ele esteja parado, sem produzir. O que a idade lhe trouxe, na verdade, é a vontade de escolher o essencial, de fazer somente o que lhe traz sentido e alegria. “A vida só vale a pena quando está preenchida de ideias e projetos. Idade não pode ser impeditivo para fazer ou deixar de fazer algo. Se você tem força física, disposição e habilidade, é só tocar pra frente”, concluiu.

E você, como enxerga seus dias e sua longevidade? Acredita que seus dias sejam preenchidos com sentido? Inspire-se nesse episódio que é a despedida da nona temporada do Podcast Plenae. Aperte play por aqui ou no seu streaming favorito. Até a próxima!

Compartilhar:


Inscreva-se na nossa Newsletter!

Inscreva-se na nossa Newsletter!


Seu encontro marcado todo mês com muito bem-estar e qualidade de vida!

Grau Plenae

Para empresas
Utilizamos cookies com base em nossos interesses legítimos, para melhorar o desempenho do site, analisar como você interage com ele, personalizar o conteúdo que você recebe e medir a eficácia de nossos anúncios. Caso queira saber mais sobre os cookies que utilizamos, por favor acesse nossa Política de Privacidade.
Quero Saber Mais