Para Inspirar

A modernidade indígena: as tecnologias que vieram para ficar

De que forma as novas tecnologias chegaram nas aldeias e como elas contribuem para o cotidiano dos indígenas? É isso que te contaremos a seguir!

29 de Setembro de 2023


No segundo episódio da décima terceira temporada do Podcast Plenae, conhecemos a história de Kanynary, que por meio dos games, inseriu não só a si, mas a tantos outros jovens de aldeias indígenas em um contexto mais abrangente e inclusivo.

Isso porque, antes de provarem que eles poderiam sim dominar a tecnologia e inclusive desempenharem bem nesse papel, o preconceito era sem tamanho - não só a respeito dessa questão, mas de muitas outras. E se você pensa que depois desse episódio, o preconceito acabou, infelizmente está enganado. 

Ainda há quem diga que “índio de verdade não usa celular”, por exemplo, o que além de ser mentira, ainda utiliza um termo antiquado - como te explicamos neste artigo, não se utiliza mais a nomenclatura índio, e sim, indígena, justamente pela conotação negativa que a palavra carregou através dos séculos. 

Pensando nisso, trouxemos alguns exemplos muito bem-sucedidos espalhados por aí de interações entre diferentes etnias e as novas fronteiras digitais. Essa questão importa, pois a visibilidade do povo indígena importa. 

De acordo com o Censo 2010, no Brasil existem, aproximadamente, 897 mil indígenas. Entre essas pessoas, cerca de 517 mil vivem em terras indígenas. Existem hoje 305 etnias e 274 línguas indígenas. É evidente que eles não estariam imunes aos avanços tecnológicos e isso é na verdade um fato positivo. Se você ainda tinha esse tabu, é hora de quebrá-lo imediatamente! Leia mais a seguir. 

Aplicativo de mensagens

Um dos aplicativos de mensagens mais usados no país, o Whatsapp, é uma ferramenta poderosa nas aldeias indígenas. Inclusive, foi de grande valia durante o enfrentamento da pandemia de covid-19 - junto de redes sociais como Instagram e Facebook -, mas já vinha sendo usada pelas lideranças para trazer informações mais rápidas entre as entidades públicas e seu povo, e seguiu sendo usada mesmo após o fim da pandemia, como conta este artigo do Instituto Socioambiental

O Whatsapp ainda vem sendo usado para preservar e espalhar conhecimento linguístico de idiomas que sofriam (ou ainda sofrem) risco de extinção, por serem pouco falados e, portanto, pouco compreendidos, como conta a Agência Brasil. E há ainda grupos que se organizam em grupos para comunicar a outros grupos sobre peixes envenenados, como conta esse artigo.

Mas, como a conexão com o natural e com o momento presente é de grande valia para os indígenas - e deveria ser para todos nós -, há essa preocupação quanto ao excesso de uso das novas tecnologias que podem viciar, como esse aplicativo. Outro risco é que, com o amplo alcance, grupos ofensivos também se aproximam para atacar, como conta notícia na Folha de São Paulo. 

Uso de drones

A capacitação para a pilotagem de drones, artefatos capazes de registrar imagens aéreas com precisão, são cada dia mais comuns em territórios indígenas. Prova disso é a iniciativa da WWF-Brasil, que capacitou indígenas em Roraima para o uso dessa ferramenta com o objetivo de ajudá-los a monitorar invasões territoriais e outros crimes ambientais sem que seja necessário que eles se aproximem da cena.

São vários os infelizes crimes não só contra indígenas, mas contra defensores e ativistas ambientais que tentam ajudar nessa guerra que parece cada dia mais longe de acabar. Portanto, a tecnologia aqui pode ajudar tanto no mapeamento mais seguro dessas terras quanto depois, posteriormente, com o envio dessas imagens para as autoridades competentes. 

Técnicas agrícolas

Poucos saberes naturais são tão ricos quanto os que os indígenas possuem sobre a terra - e talvez seja o maior. Essa verdadeira pérola não só pode como deve ser preservada e perpetuada o máximo possível, afinal, eles vêm sendo os verdadeiros guardiões do planeta anos a fio, enquanto outros só pensaram em desmatar a todo custo. 

Mas, o que os povos originários vêm percebendo é que as novas tecnologias oferecem múltiplas possibilidades de preservação quando aliadas ao seu saber ancestral e, claro, com a sua intenção de preservação. Pesquisas feitas pela Embrapa com foco em diversificação das atividades agrícolas, foram muito importantes para garantir a segurança alimentar dos povos indígenas que vivem na região do Alto Rio Envira, como conta esse artigo.

Os resultados dessa empreitada foram vários: fortalecimento dos sistemas produtivos e a ampliação da oferta de alimentos nas aldeias; mapeamento e zoneamento quanto aos solos e à vegetação local; práticas de controle de insetos e doenças na agricultura com base nos conhecimentos técnico-científico e tradicional; estudo de etnovariedades de mandioca e adoção de boas práticas na produção de farinha; e manejo e cultivo sustentáveis adequados aos princípios agroecológicos e às práticas de cultivo dos Kaxinawá, etnia beneficiada.?

No noroeste de Mato Grosso, a tecnologia também entrou na jogada agrícola. Indígenas do povo Rikbaktsa estão utilizando tecnologia de geolocalização para monitorar seus castanhais e mapear novas áreas de coleta, como conta este artigo. Com apoio do projeto Pacto das Águas, os indígenas das terras Japuíra e Escondido passam a contar com a tecnologia para manejar seus castanhais de forma mais sustentável, acompanhando o aumento de demanda do mercado. 

Para isso, o sistema adotado utiliza tecnologias em software livre, que permite realizar a coleta de dados e acompanhar sua evolução em plataformas de baixo custo, utilizando dispositivos móveis como smartphones e tablets. O projeto oferece a capacitação necessária para poder usufruir desses benefícios, é claro. 

A agrossilvicultura, prática de combinar espécies florestais com culturas agrícolas e/ou pecuária e o objetivo final de melhorar o aproveitamento dos recursos naturais e a produção de alimentos, também bebe da tecnologia e já chegou aos povos indígenas do Acre. O Yorenka Tasorentsi é um instituto inovador que celebra a natureza e a sabedoria indígena, como conta este artigo, e está fazendo uma verdadeira revolução por lá, provando que é possível que o novo e o antigo convivam na mais perfeita harmonia. 

Isso sem falar na presença indígena nas redes sociais, cada dia mais relevante e representativa, como esses tiktokers que estão trazendo conteúdos riquíssimos e que vale a pena acompanhar. Os exemplos são infinitos e poderíamos ainda elencar mais alguns, mas a mensagem já foi passada. 

No Congresso, no rádio, nas universidades, nas competições de e-sports: os povos originários estão por toda a parte e é assim mesmo que deve ser, pois não há nós aqui e eles ali, o mundo todo é lugar deles por direito e nós devemos não só nos acostumar a essa ideia como celebrá-la. Viva a união!

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Religião, medicina e saúde: uma conexão histórica

Em pesquisa, 90% dos donos de pets disseram que seus amigos peludos os ajudam a aproveitar a vida e se sentirem amados

3 de Abril de 2019


Religião, medicina e saúde durante séculos andaram juntas . No ocidente, os primeiros hospitais, em geral, foram construídos e administrados por organizações religiosas. Da Idade Média ao século 18, essas entidades, principalmente a Igreja Católica, foram responsáveis pela formação de médicos. Entre os formandos, muitos eram do clero. Para os sacerdotes, o diploma funcionava como a forma de ter um segundo emprego, o que ajudava a complementar a magra renda proveniente do trabalho na igreja. O cuidado com a saúde mental também começou em mosteiros e em comunidades religiosas. Por exemplo, em 1247, o Priorado de Santa Maria de Belém foi construído em Londres perto do rio Tâmisa. Originalmente projetado para abrigar "pessoas alienadas", foi o primeiro hospital psiquiátrico do mundo, que se tenha registro. Em 1547, no entanto, demoliram o Santa Maria e, no lugar, surgiu o Hospital de Belém. Ao longo dos anos, autoridades seculares assumiram o controle da instituição e o hospital ficou famoso pelo tratamento desumano. Os doentes eram, muitas vezes, acorrentados, mergulhados em água fria ou espancados. Nos últimos anos, o público pagava para entrar no local e observar os pacientes, como em um circo ou zoológico. O Hospital de Belém ficou conhecido como "bedlam" (em português “tumulto”), palavra usada hoje para indicar um estado de confusão e desordem. Em resposta aos abusos nos hospitais psiquiátricos e revoltado pela morte de um paciente quaker (grupo britânico protestante) em um asilo na Inglaterra, o comerciante William Tuke, pertencente à mesma religião, iniciou o chamado “tratamento digno”, uma novidade na época. Protestantes. Em 1796, ele e a comunidade quaker inglesa abriram o asilo York Retreat. Logo em seguida, levaram o “tratamento digno” para os Estados Unidos, onde se tornou a forma dominante de cuidados psiquiátricos naquele país. Em 1813, o "Friends Hospital" ou "Friends Asylum" foi aberto na Filadélfia, transformando-se na primeira instituição privada americana dedicada à doença mental. Inaugurados com a mesma filosofia do tratamento digno, o Hospital McLean (fundado em 1818, em Boston, e agora associado a Harvard), o Bloomingdale Asylum (1821, em Nova York) e o Hartford Retreat (1824, em Connecticut), todos estruturados a partir do York Retreat da comunidade quaker de William Tuke. Leia o artigo completo aqui .

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