O caminhar dos bichos

Andava na Faria Lima em um dia de trabalho como outro qualquer quando meu caminho cruzou com o de um morador de rua.

30 de Novembro de 2022


Andava na Faria Lima em um dia de trabalho como outro qualquer quando meu caminho cruzou com o de um morador de rua. Mas esse não foi um encontro qualquer. O morador andava sorrindo, como quem desafia a dureza de sua própria realidade, e chamava seu cachorro por um nome que não pude ouvir, mas foram as notas doces em sua voz que me tocaram. Foi esse carinho intenso que me acompanhou pelo resto do percurso.⁠

Por vezes, esquecemos que somos bichos também. Viemos da natureza e a ela pertencemos. Mamamos como qualquer outro mamífero, parimos e precisamos descansar, fechar nossos olhos, uma imposição natural que insiste em nos lembrar diariamente: não somos máquinas.⁠

A interação entre um morador de rua e seu cachorro é a síntese de tudo isso. A sociedade criou camadas, castas, realidades paralelas. Inventou o dinheiro, as leis, as palavras, as religiões. Construiu muros ao seu redor para se proteger do que nem se sabe e criou a concepção de nação, para reforçar a ideia de que não estamos todos juntos, há linhas imaginárias que nos separam.⁠

E então chega o cachorro, domesticado há pelo menos 12 mil anos segundo pesquisas, e somos novamente bichos da natureza. Dividimos nosso pão e nosso afeto com um ser que não pede nada em troca. Que não vê credo, crença ou cor. Que ama incondicionalmente e não se curva à lógica maniqueísta do bem e do mal. Sobre quatro patas, ele acompanha o rico em viagens internacionais e o pobre em perabulanças cotidianas.⁠

E sorri, à sua própria maneira. Abana o rabo e nos faz entender tudo que há de mais simples e mais precioso também. Desarma até mesmo o mais vil dos homens com uma simples lambida e nos deixa uma saudade abissal quando parte. Sua própria vida curta é uma mensagem: não há tempo para rancor, vingança ou mágoas e é preciso amar enquanto há tempo.

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Para Inspirar

Quais são os diferentes tipos de apego?

Acredite: entender o tipo de apego do outro pode evitar ruídos importantes na comunicação para as duas partes.

27 de Abril de 2023


A cena é clássica sobre apego: você está esperando uma mensagem de bom dia que não chega e, a partir dessa ausência, entende esse movimento como um claro desinteresse. Que atire a primeira pedra quem nunca criou uma expectativa sobre o outro e não foi correspondido. 

Mas, é justamente sobre isso que falaremos: expectativa. Mais especificamente, sobre as expectativas que ditam o seu estilo de apego, que pode ser bastante diferente do outro. E isso não deve, nem por um segundo, significar falta de amor, apenas estilos diferentes. Te explicamos mais a seguir!

Bem me quer, mal me quer…


Te contamos neste artigo um pouco mais sobre as diferentes linguagens de amor. Segundo Gary Chapman, autor do livro e da teoria, são cinco as possíveis linguagens: palavras de afirmação, qualidade de tempo, presentes, gestos de serviços e toque físico. Vale ressaltar que não possuímos somente uma, mas sim, ao menos duas linguagens do amor nas nossas expressões de afeto, sendo uma primária e a outra secundária. 


Ainda segundo Chapman, cada um de nós nasce com uma linguagem específica para expressar e compreender o nosso amor, os chamados “dialetos”. E é justamente na incompreensão da linguagem do outro onde mora o ruído, que pode trazer problemas para a relação. Funciona como um idioma: você dá amor em francês, mas o seu parceiro só fala em espanhol. O mesmo se aplica a uma outra teoria, que pode ser até bem parecida: os diferentes tipos de apego. Desenvolvida pela primeira vez pelo psicólogo John Bowlby na década de 1950, a teoria do apego originalmente se concentrava na relação bebê-cuidador. “Ele teorizou que as crianças vêm ao mundo biologicamente conectadas para formar laços de apego com outras pessoas”, diz a psicóloga clínica licenciada Angela Caron ao site Vox. “E esses laços de apego são um mecanismo de sobrevivência primordial”. Nos primeiros estudos dessa natureza, encabeçados pela psicóloga Mary Ainsworth, esses bebês eram separados de seus pais. Depois, ao se reunirem novamente, os pesquisadores observavam seus comportamentos. Enquanto alguns bebês ignoravam suas mães, outros não ficaram tão empolgados com o retorno. E houve ainda um terceiro grupo que ficou imediatamente aliviado ao ver a mãe.  

Dessa forma, eles foram classificados como apego evitativo, ansioso e seguro, respectivamente em cada uma das situações. E essas se tornaram as principais classificações de apego, até então destinada apenas às crianças. Mas o que os pesquisadores perceberam com o tempo é que essa dinâmica também era aplicável para descrever os relacionamentos adultos. 

Isso porque os psicólogos sociais Cindy Hazan e Phil Shaver observaram que os adultos reagem aos seus parceiros românticos da mesma forma que os bebês reagem aos seus cuidadores. “Alguns adultos têm laços seguros uns com os outros”, diz R. Chris Fraley , professor de psicologia da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, “enquanto outros são mais inseguros e pegajosos ou talvez mais distantes e emocionalmente autônomos”, explica novamente à Vox. 

Os tipos de apego

Foi em 2010 que veio enfim a publicação de Attached: The New Science of Adult Attachment and How It Can Help You Find - and Keep - Love, um livro que ajudou a trazer a teoria do apego para o mainstream do novo milênio. E, nos últimos anos, a popularidade do livro disparou graças às mídias sociais, entrando de vez para a cultura pop. 

Como mencionamos anteriormente, existem três estilos de apego:

  • O apego seguro, onde a pessoa se comunica com eficácia e sente-se confiante quando está sozinha. Mas, ao mesmo tempo, ela se sente à vontade para formar conexões íntimas. 

  • O apego ansioso. Aqui, a pessoa teme ser rejeitada e pode exibir um comportamento pegajoso ou ciumento, ou até se sentir indigno de amor. 

  • O apego evitativo, onde o indivíduo se deleita com sua independência e pode rejeitar oportunidades de formar relacionamentos profundos. Isso é negativo, pois ela pode acabar afastando as pessoas caso se sintam próximas demais.

Mas, de onde vem esse tipo de comportamento? Da nossa primeira relação, com o nosso cuidador. Aquela que te contamos no tópico anterior. Os estilos de apego decorrem principalmente de como você foi tratado pelos cuidadores enquanto estava angustiado quando criança. 

Os pesquisadores medem os estilos de apego como o grau em que alguém responde a perguntas altamente evitativas ou ansiosas, e não em termos de categorias concretas. Mas, embora esses estilos se formem na primeira infância, eles podem mudar com o tempo, caso você seja exposto a um cuidador mais caloroso e receptivo mais tarde, por exemplo, como um professor da escola, um melhor amigo ou até um parceiro amoroso.

Todos esses relacionamentos podem alterar a maneira como você se relaciona com os outros e até como eles reagem a você. Saber como você se relaciona com parceiros românticos pode ser útil, mas também um obstáculo. O seu estilo de apego não é o mesmo para o resto da vida e se moldam conforme as suas experiências. Concentrar-se nele como algo imóvel pode levar a um ciclo de erros repetidos. 

Se você está disposto a essa jornada de autoconhecimento para entender ou até modificar o seu tipo de apego, evite questionários online ou outras saídas sem comprovação. Procurar um especialista é sempre a melhor escolha e, nesse caso, um psicólogo pode te ajudar a entender desde o porquê do seu apego, até encaminhá-lo para a mudança de um padrão de comportamento.

Por fim, é importante reforçar que não há uma única maneira correta de se relacionar e que mais vale o entendimento entre duas pessoas que estejam se relacionando do que uma única regra para todos. Muitas vezes, o que não funciona para você, poderá funcionar para outro. 

O entendimento do seu estilo de apego deve ser apenas mais uma ferramenta disponível para o seu crescimento pessoal. Foque sempre em você!

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