Entrevista com
Diretora regional da Weleda Latim América
É possível estar mais conectado com a natureza em minhas práticas diárias? Confira a entrevista com a representante da farmacêutica natural Weleda!
4 de Novembro de 2021
No ano passado, desmistificamos mais um conceito e explicamos para você o que é a Antroposofia neste artigo especial. A filosofia milenar, que pode ser aplicada em diferentes áreas do conhecimento, busca, sobretudo, nos lembrar que a natureza não é algo que esteja em nosso entorno, mas sim, que somos parte dela.
Para Maria Claudia Pontes, diretora regional da Weleda Latim América, não somos um “produto acabado”, como nossa espécie insiste em acreditar. Se somos parte da natureza, logo, estamos em constante evolução. E é isso que a empresa centenária busca trazer em seus produtos: uma coexistência mútua que potencialize matérias-primas naturais e que podem ser usadas a nosso favor.
Confira a entrevista com a especialista e entenda como aplicar os conceitos de antroposofia em sua vida!
Em termos gerais, o que é a antroposofia?
Pra mim, a Antroposofia é uma ciência espiritual que considera o ser humano e a evolução dele. Eu a entendo de uma maneira muito simples: para mim, nós somos parte da natureza, e sendo parte dela, estamos em constante evolução, não somos seres acabados. A antroposofia ajuda a entender nossos ciclos para que a gente possa de fato ampliar a nossa consciência e nosso entendimento. Temos dentro de nós uma série de características dos outros reinos que habitam esse meio ambiente e esse cosmo como um todo.
E quais seriam elas?
Temos a força da pedra, que é uma matéria que está aqui na crosta terrestre e em nós, representa nossos ossos. Temos a vitalidade da planta, no sentido de fazermos trocas, respirarmos e a vida toda em si. Ainda temos a característica dos animais, que é o corpo anímico e se manifestam em nossas paixões, rejeições, simpatias e antipatias, nosso instinto de forma geral. Por fim, temos uma individualidade muito importante que nos permite pensar, refletir antes de agir, fazer as nossas escolhas e, à medida que as fazemos, ampliamos a nossa consciência.
Como a Weleda atua com base nos preceitos dessa filosofia?
Para nós, justamente por termos essa consciência de que somos apenas parte de um todo, é inaceitável destruir a natureza, porque de alguma maneira eu estou me destruindo ao mesmo tempo. Se eu agredir um solo, eu estou me agredindo. A ação desse homem, que do alto de sua ganância e irracionalidade, fica em busca do poder, da acumulação e competição, destrói tudo e não percebe que isso volta para ele. Essa é a visão que a Weleda nutre desde sua criação, há 100 anos. Desde sempre trabalhamos com solo orgânico, sem uso de pesticida, sem destruir. Acreditamos ainda que essas energias contidas nos animais de alguma maneira corrobora com a minha saúde, o meu equilíbrio. Quantas plantas estão à nossa disposição para que a gente busque nosso equilíbrio?
Para você, o que é a doença?
A doença nada mais é do que um estado de desequilíbrio. E isso pode morar nas coisas simples: dormir bem, se conectar com a natureza, respirar, se alimentar melhor. Nossas principais preocupações são garantir que aquele produto tenha vitalidade, não colocar nada de químico, não poluir, e isso obviamente tem um preço. Eu não cresço 100% ao ano porque eu respeito meu ciclo de natureza. Tem produto nosso aqui que demora 3 anos do cultivo até o frasco, então como posso crescer 100%? Eu venho num ritmo sustentável, não num ritmo de ganância, de acumular. Um calmante natural tem alta vitalidade porque reproduzimos o processo da própria natureza, usamos a planta seca, que não vem em um navio que polui o mar por onde passa, eu não acelerou o desenvolvimento dessa planta. A gente faz a coisa toda com muita consciência e muito respeito. Esse é o dia a dia que a gente coloca inclusive na nossa cultura organizacional.
Acredita que o mundo esteja seguindo esses preceitos?
O mundo ficou doente porque vivemos em um modelo grego, de homem, de poder, de competição. Acabou isso, não cabe mais, é preciso um turning point. Precisamos de mais características femininas, do cuidado, do acolhimento, do respeito, da colaboração. Acho que estamos exatamente nesse ponto de virada. Se você explorar o outro, os seus parceiros, vai gerar uma reação quase que imediata a você mesmo. O mundo está pedindo um capitalismo mais consciente, menos predatório, empresas que não te adoeçam como ser humano e que consigam fazer você, na sua melhor versão, brilhar. A gente espera que esse modelo de empresa se perpetue e o mundo está acordando para esses extremos.
É possível aplicar a antroposofia em nossos dias? Quais seriam os ganhos?
Acho que qualquer ser humano pode aplicar esse olhar para dentro de si de uma maneira mais aguçada e mais generosa. Essa empatia e esse respeito. A antroposofia em si te ensina determinadas práticas e rituais e ensinamentos que te ajudam a compreender a si mesmo. Aplicada na medicina, ela ajuda trazendo produtos naturais, sem químicas e elementos que agridam, na melhor qualidade possível da matéria-prima. Fora da farmácia, ela vai ajudando esse ser humano cada vez mais a entender a si e as suas necessidades. Então qualquer ciência ou filosofia que faça o mesmo e te ajude a ampliar a sua consciência e te fazer ser uma pessoa melhor, ela é bem-vinda.
Quais são as dicas para quem busca aplicar a antroposofia nos seus dias?
A primeira coisa que eu digo é: a natureza tem tudo que a gente precisa grátis. Para isso, não é preciso explorar desenfreadamente, mas sim, atentar-se a esse meio ambiente ao seu redor, buscar essa conexão. Contemple, admire, agradeça. Respire e sinta o ritmo do seu organismo, não acelere e nem desacelere. Perceba a si e não desrespeite o seu ser que é único. Reserve um tempo para auscultar sua alma e coração, tirar os ruídos que te cercam. Quando conseguir ter essa introspecção e perceber o que seu íntimo pede, aja segundo ele. Não siga bandos, reconheça sua unicidade e aja de acordo com ela, não para agradar os outros ou para seguir padrões. Cada um é único e a gente tem que respeitar. Por fim, busque sempre soluções naturais.
Parada obrigatória
O best-seller da médica geriatra Ana Claudia Quintana Arantes busca, por meio de sua experiência com cuidados paliativos, falar sobre nossos propósitos de vida
5 de Novembro de 2020
Em uma pesquisa inédita encomendada pelo Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep), realizada pelo Studio Ideias e divulgada há 2 anos, 68% dos brasileiros revelaram não se sentirem prontos para lidar com a morte ou ao menos falar sobre ela.
Ainda na mesma pesquisa, que conversou com mil entrevistados, 74% afirmam não falar sobre a morte no cotidiano, e, em uma escala de 1 a 5, a avaliação sobre estar pronto para lidar com a morte ficou em 2,6. Entre jovens de 18 a 24 anos, somente 21% afirmou falar sobre o tema no cotidiano.
Você confere esses e outros dados em matéria no portal BBC , mas uma coisa é clara: o tema da finitude é ainda muito prematuro e temido para nós, aqui no Brasil. Isso torna debates sobre legado e futuro muito difíceis em conversas familiares, como mostramos nesta matéria .
O tabu é tanto que dificulta também o trabalho dos profissionais de Cuidados Paliativos - ou seja, que dedicam-se a “prestar assistência, promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e do alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais” segundo definição da Organização Mundial da Saúde.
E é sobre isso que trata o livro da médica geriatra Ana Claudia Quintana Arantes, “A morte é um dia para ser vivido”. Mais do que esmiuçar alguns pormenores técnicos que a medicina enfrenta na reta final de um diagnóstico terminal, a doutora também se derrama em poesias, traz as dificuldades que a área enfrenta no país e se dedica a falar sobre a família.
Porém, o tema central de um livro que tem morte em seu título, é falar justamente sobre a vida. Por ter visto a finitude humana tão de perto centenas de vezes, Ana Claudia adquiriu um verdadeiro conhecimento de causa sobre as principais queixas de seus pacientes em seus finais.
Arrependimentos, alegrias, angústias, saudades, dores, vitórias. Uns solitários, outros rodeados. Alguns religiosos, alguns ateus. Ricos e pobres - afinal, ela atende em hospital público e também em particulares. O fim, nossa única certeza em vida, é implacável e chega para todos, mas passamos anos a fio ignorando esse fato.
Pensar sobre a morte não precisa necessariamente ser de forma mórbida, como nos ensina a autora. O pensamento, na realidade, pode operar justamente como um despertar. Algo que nos faz tomar consciência de nós mesmos e de nossas escolhas ainda em vida.
Uma vez que você encara a morte de frente, tudo ao seu redor passa a ter um novo significado, e para isso, não é preciso estar em alguma condição clínica terminal. Você pode começar hoje a ressignificar seus atos, suas relações, sua espiritualidade e tomar as rédeas de um destino que, lá na frente, o fará sentir orgulho da caminhada.
Fica a recomendação do Plenae tanto do livro, quanto desta palestra no Ted Talks da autora. Confira, a seguir, algumas frases marcantes da obra - cada uma possuindo uma relação com nossos pilares. Boa leitura!