Entrevista com

Geraldo Lorenzi Filho

Diretor do Laboratório do sono do Instituto do Coração

Há uma epidemia de privação de sono no Brasil

14 de Março de 2019



O sono é um pilar da saúde negligenciado pela sociedade, na opinião de Geraldo Lorenzi Filho, diretor do laboratório do sono do Instituto do Coração (Incor). Enquanto muita gente tem orgulho de dizer que dorme pouco, o sono é, comprovadamente, um fator de proteção contra doenças que acometem milhões de brasileiros, a exemplo de depressão, obesidade e ansiedade.

Algumas pesquisas mostram que o sono do brasileiro está piorando. Estamos dormindo menos horas e com pior qualidade. O que aconteceu? O principal fator é o excesso de estímulos. Estamos conectados 24 horas por dia, no celular, computador e TV, recebendo informações e interagindo. A luz emitida pelas telas nos deixa excitados, evita o relaxamento e inibe a produção de melatonina, indutora de sono. Além disso, nos grandes centros urbanos, onde os brasileiros se concentram cada vez mais, há problemas de deslocamento e poluição sonora. No fim do dia, muitas pessoas estão tão aceleradas que não conseguem dormir. A gente fala em se alimentar bem, fazer exercícios e frequentar áreas verdes, mas, se a pessoa não dormir bem, nada disso faz sentido.

O que é privação de sono? Existe a privação total, quando a pessoa passa uma noite inteira sem dormir. Todo mundo sabe que isso faz mal, porque rapidamente sente os efeitos negativos no corpo. No entanto, o mais comum é a privação parcial, ou restrição de sono quando dormimos menos horas do que precisamos. Hoje, os moradores da Grande São Paulo dormem, em média, 6 horas por noite. É pouco, para a maioria. Basta olhar ao redor para ver gente cochilando no ônibus, no metrô. Temos uma epidemia de restrição de sono.

Quais são os efeitos da privação do sono sobre a saúde? Ela é um dos fatores que contribui para os índices alarmantes de depressão, obesidade, ansiedade e doenças cardiovasculares que acometem a população brasileira. Em um estudo no Incor, analisamos um grupo de jovens por duas semanas. Na primeira semana, eles dormiram menos de 4 horas por cinco noites seguidas. Na outra, mais de 7 horas. Na comparação, a restrição de sono aumentou a atividade no sistema nervoso simpático, e piorou a reatividade dos vasos sanguíneos, alterações que estão associadas a doenças cardiovasculares.

Como uma pessoa pode saber se está dormindo pouco? O número de horas de sono que cada pessoa precisa varia. Há um caráter subjetivo, tal qual a quantidade de comida para saciar a fome. A principal dica é se perguntar: se eu pudesse, dormiria mais horas? Compare o quanto você dorme durante a semana e no fim de semana. Se a diferença for mais de uma hora, esse é um indicador de restrição de sono.

No livro Por que Nós Dormimos , o neurocientista Matthew Walker afirma que o sono é negligenciado pelos médicos. O senhor concorda? Ele é negligenciado pela sociedade em geral, incluindo os médicos, que também são grandes vítimas da privação de sono. Muita gente tem orgulho de dizer que dorme pouco, pois considera dormir perda de tempo. Temos pacientes jovens que colocam o despertador para tocar às 8h no sábado para fazer algo. Porém, estão tão cansados que tomam café da manhã e voltam a dormir.

O consumo de melatonina como indutor de sono virou moda. Qual é a sua opinião sobre isso? As pessoas tomam remédio para dormir, para acordar, para não ter depressão etc. Mas o efeito do medicamento é limitado. Não adianta tomar remédio sem respeitar os rituais do sono. Só existe um tratamento para a falta de sono: dormir. Não há outro. Se você precisar tomar muito café e estimulantes para combater a sonolência diurna, é um indicador de que está indo na direção errada.

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#PlenaeApresenta: Marcos Piangers e a paternidade afetuosa

Marcos Piangers, autor de best-seller sobre paternidade, conta como ter sido criado por uma mãe solteira moldou seus ideias de hoje

7 de Junho de 2021



Qual é o seu modelo ideal de paternidade? Para o escritor Marcos Piangers, é todo aquele que ele mesmo não teve. Representando o pilar Relações , o autor de best-sellers sobre família conta da sua infância sem a figura paterna e as dificuldades que viu de perto uma mãe solteira enfrentar.

Expulsa de casa ao engravidar, ela teve que batalhar para criá-lo sozinho sem abrir mão de sua própria carreira. Apesar de ter se casado novamente e ter tido outra filha, Marcos nunca pôde efetivamente contar com um pai, e passou grande parte de sua vida sem conhecer a identidade do seu.

Mas, ao ser acometida por um câncer, sua mãe decide contar o nome e sobrenome daquele que deveria ter assumido a sua cria. Apesar de ter tido curiosidade em momentos e idades diferentes, ao ter em mãos as informações que poderiam finalmente levá-lo ao seu pai, ele não sentiu nenhum interesse em procurá-lo. Pelo contrário: sentiu alívio ao saber que ele era uma pessoa comum, que errou como milhões outros erraram ao não registrarem e comparecerem para seus filhos.

Mesmo quando eles acabaram se conhecendo, não houve nenhum tipo de vontade em retomar um laço que nunca existiu. Foi quando Marcos entendeu tudo: pai não é necessariamente DNA, é preciso querer estar ali. Hoje, ele busca ser essa figura presente e empenhada para suas próprias filhas, até mesmo para proporcionar o que não teve à elas e também à sua esposa, que pode contar com alguém como sua própria mãe não pôde.

Em seus livros e viagens ao redor do mundo, o palestrante discute sobretudo como a masculinidade imposta para a sociedade acaba frequentemente minando relações familiares que poderiam ser ricas em afeto, mas não são. O resto dessa história você confere no episódio completo da quinta temporada do Podcast Plenae. Aperte o play e inspire-se!

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