Parada obrigatória

Você olhou para si no mês que passou?

Prática e imersão: o que passou pelo Plenae em maio!

31 de Maio de 2022


Chegamos ao fim de mais um ciclo em que pudemos estar juntos, buscando nossa evolução constante. E maio foi um mês específico de recomeços, sem nunca esquecer de quem já fomos. Pensando na rapidez do cotidiano, buscamos trazer mais dicas para que você pudesse colocar em prática. 

Como, por exemplo, exercícios rápidos de respiração que podem ser feitos em qualquer lugar e trazem melhorias significativas não só para sua capacidade pulmonar como para todo o seu corpo. Também te ensinamos como ser mais paciente tendo em vista uma matéria antiga, aqui do Plenae, que foi resumida e transformada em tópicos para você testar rapidamente!

Relembramos, em nosso TBT, o primeiro Plenae (a)prova, nossa antiga editoria de testes onde métodos propostos por best-sellers eram colocados em prática pela nossa equipe, que relatava tudo posteriormente em um diário de bordo. “O Milagre da Manhã” foi o primeiro teste. Saudades? A gente também!

Homenageamos todas as mães que acompanham o Plenae com uma frase do Caetano Veloso e também trouxemos frases para refletir de Aristóteles e Martin Luther King. E, por fim, demos início a nossa campanha para te contar que a oitava temporada do Podcast Plenae está no ar!

 
Podcast Plenae estreia nova temporada

Sim, ela está na área com novos seis nomes, representando nossos seis pilares e oferecendo mais seis oportunidades de você se reconectar com a sua jornada por meio da trajetória do outro. Quem guiará as reflexões desse ciclo será Nilton Bonder, um rabino brasileiro e um autor reconhecido nacionalmente. 
Um escritor que reescreveu sua história

Abrimos com o episódio que representa o pilar Contexto e conta a história do autor de “Torto Arado”, Itamar Vieira. Como uma infância marcada pela falta de acesso à cultura pode ter moldado ele que hoje é um dos principais nomes da cultura? Conheça os caminhos trilhados por ele até que o sucesso se tornasse realidade.
O poder da leitura na infância

Envolvidos por sua narrativa, fomos investigar quais são os benefícios de iniciar a literatura ainda na infância. Por que devemos instigar que nossos pequenos se tornem leitores? Quais são os ganhos desse movimento? Leia mais em nosso artigo. 
A viagem dos sonhos marcada pela solidão

Dando sequência, embarcamos na história da navegante Tamara Klink que, aos 24 anos, se lançou ao mar e conheceu não só os desafios náuticos, mas também os desafios da solidão de pertinho. Representando o pilar Mente, ela conta como lidar com nossos próprios fantasmas pode ser muito mais difícil do que a fúria das águas.
Ser (só) ou não ser: eis a questão!

E o que essa solidão pode causar em nosso cérebro? O tema é tão importante que há associações dedicadas a mitigar os malefícios causados por ela ao redor do mundo. Contamos mais sobre isso aqui, neste artigo especial. 
Amor de pai com toque especial

Encerramos o mês conhecendo um outro lado do chef Henrique Fogaça: sua faceta paterna, capaz de mover montanhas para trazer mais conforto para sua filha, Olívia. Mesmo aos 14 anos e muitos médicos depois, sua síndrome nunca foi diagnosticada. Mas depois de muita pesquisa, Fogaça trouxe o Canabidiol para o seu tratamento e viu de perto a revolução que ele causa. 
Fique ligado porque em junho essa saga continua! Teremos a outra metade do podcast e, com ele, mais matérias relacionadas e muita reflexão e inspiração. Ao final da temporada, seguiremos com nossos conteúdos que você já conhece! Até o próximo mês!

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Entrevista com

Marcia Scazufca

Psicóloga

Idosos não são melancólicos por natureza

8 de Abril de 2019



O preconceito de que idosos são melancólicos por natureza é um dos entraves para o diagnóstico da depressão nessa fase da vida. Na verdade, o distúrbio mental atinge igualmente de 7 a 10% dos  jovens e velhos. Segundo a psicóloga Marcia Scazufca, pesquisadora científica na área de epidemiologia e saúde mental da Faculdade de Medicina da USP, os velhos usam a sabedoria para driblar problemas inerentes à faixa etária. "Por terem passado por muita coisa, eles geralmente estão mais preparados para lidar com as dificuldades", diz ela. A seguir, ela fala sobre a saúde mental de idosos brasileiros. 

Quais são os problemas mentais mais comuns em idosos?  São a demência, um transtorno mental típico do avanço da idade, e a depressão. Diferentemente da demência, a depressão tem tratamento. A maior parte das pessoas pode ser tratada e ficar bem. O problema da depressão é que muitas vezes ela não é identificada. 

Quais são os principais sintomas da depressão? Os principais são humor deprimido, como se sentir para baixo e sem perspectiva, e pouco interesse e prazer em fazer as coisas. Há também sintomas complementares, como se sentir cansado e sem energia, problemas para dormir, alteração no apetite, culpa excessiva, dificuldade de concentração para fazer coisas simples, além de agitação ou lentidão. Em alguns casos, a pessoa não tem mais vontade de viver. Esses sintomas se confundem com o estigma da velhice, o que dificulta o diagnóstico da doença. É socialmente aceitável que um idoso fique num cantinho, sem grandes vontades e prazeres, pois é comum a ideia de que velhos não servem para nada. 

 A prevalência de depressão aumenta na velhice? Existe um preconceito de que o idoso tem mais depressão do que os jovens. Na verdade, a prevalência da doença é semelhante em todas as etapas da vida adulta: atinge de 7 a 10% da população. A gente acha que no fim da vida a pessoa teria motivos para estar depressiva, porque adoece, não trabalha mais e perde entes queridos. No entanto, esquecemos que os mais velhos são os sábios da sociedade. Por terem passado por muita coisa, eles geralmente estão mais preparados para lidar com as dificuldades. 

Quais são as maiores barreiras para o diagnóstico da depressão? São várias. Uma delas é o estigma social, como eu disse. Nem o idoso nem seus familiares estranham sua mudança de comportamento. O estigma atinge também os profissionais de saúde, que, além do preconceito, não se sentem capacitados para lidar com transtornos mentais. Se 10% dos idosos brasileiros tiverem depressão, estamos falando de 3 milhões de pessoas, somente nessa faixa etária. Nenhum país do mundo conta com psicólogos e psiquiatras suficientes para atender essa quantidade de gente. Quem precisa identificar e tratar a depressão é a Atenção Básica. Essa é, inclusive, a determinação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Dois terços dos idosos brasileiros são atendidos exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A rede pública deve encontrar formas baratas e efetivas de treinar profissionais generalistas para detectar e tratar doenças mentais comuns. Psicólogos e psiquiatras ficariam apenas com os casos mais difíceis. 

Como esse treinamento pode ser feito? Profissionais da Estratégia de Saúde da Família vão uma vez por mês à casa dos pacientes. Os agentes comunitários podem ser treinados para identificar a mudança de comportamento de uma pessoa. Se um velhinho que era alegre e brincalhão passa a ficar quietinho em um canto, há algo errado. Os agentes também podem ficar atentos a situações que aumentam risco de ter depressão, como violência, doenças graves e pessoas que têm queixas múltiplas e nunca melhoram. 

 De que maneira um idoso pode preservar a sua saúde mental? A saúde mental não se constrói na velhice. Ela começa desde que o indivíduo está na barriga da mãe. Assim como a saúde física, a mental é cultivada durante toda a vida e influenciada por relacionamentos, conhecimentos e finanças. É necessário preservar o bom humor e se preparar para a velhice por meio do autocuidado, com fontes de lazer, prática de atividade física e uma rede de suporte. Se eu parar de aprender, vou me tornar uma pessoa chata que não sabe conversar. Caso meu amigo morra, preciso buscar novas amizades. 

O tratamento da depressão é diferente na velhice e na vida adulta? É o mesmo, à base de medicação, terapia ou uma combinação dos dois. O que muda são os assuntos. Cada fase da vida tem suas especificidades. Idosos muitas vezes têm problema de mobilidade e doenças que favorecem a depressão, por isso precisam de uma atenção diferenciada. 

A depressão atinge idosos de todas as classes sociais ou os mais pobres são mais vulneráveis à doença? A pobreza é um fator de risco muito importante para todas as doenças crônicas, inclusive os transtornos mentais. Pobres vivem em situação de vulnerabilidade social, provavelmente moram em um lugares com entornos violentos, se alimentam mal, têm menos opções de lazer e de atividade física, fatores importantes para o humor. Isso não quer dizer que todo pobre terá depressão, nem que ricos não podem sofrer da doença, mas a prevalência é maior entre os menos favorecidos. O envelhecimento no Brasil é galopante. A grande questão hoje é: como cuidar do idoso pobre? Se ele não tiver tratamento, seu envelhecimento vai ser muito triste. 

Por que o suicídio é mais prevalente entre idosos? A depressão em si não mata, mas é um fator de risco importantíssimo para o suicídio. Então, é importante tratar a doença para a pessoa nunca querer se matar. Conversar sobre os problemas e a depressão é a melhor forma de prevenir o suicídio. Entre os idosos, a depressão é agravada pelo isolamento social, que pode ser brutal.

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