Para Inspirar

Mitos e verdades sobre a surdez

O tema infelizmente ainda é cercado de tabus e mitos. Venha conhecer um pouco mais sobre a surdez!

9 de Dezembro de 2022


Chegamos ao final de mais um Podcast Plenae e, neste episódio, tivemos a participação da escritora Paula Pfeifer, que contou a história da sua perda progressiva da audição e também como foi o seu processo de “sair do armário da surdez”, como ela mesma definiu.

 

Há mais de 9 milhões de pessoas em todo o país que são surdas, segundo dados oficiais, e estudos mostram que 1 bilhão de jovens está sob risco de perda auditiva. Esse é um desafio para as autoridades no sentido de elaborar políticas públicas realmente eficientes, mas também para todos nós, enquanto população, pois é nosso papel agregá-los à comunidade sempre que possível.

 

Segundo o IBGE, 2,3 milhões de pessoas com algum grau de surdez no Brasil e 1,5 bilhão no mundo. Pensando nisso, resolvemos fazer um mitos e verdades sobre a surdez, com o objetivo de desmistificar essa deficiência que é tão comum e que pode se tornar ainda mais se não nos cuidarmos. 

 

Qualquer um pode ficar surdo?

 

Verdade! A surdez, é claro, pode ser de nascença, mas há ainda a surdez progressiva, como foi o caso da Paula, e alguns tipos de surdez que são ocasionadas por algum trauma, um acidente, doenças como meningite ou até infecções repetidas vezes. E há ainda surdezes que podem ser causadas por uso de antibióticos usados no tratamento de tuberculose, diuréticos e outras substâncias à base de ácido acetilsalicílico podem sim causar danos aos sistemas coclear e vestibular, que são muito importantes para a sua audição, como explica este artigo.

 

Só pessoas mais velhas são surdas

 

Mito. E o ponto anterior é prova disso: existem bebês que já nascem surdos, por exemplo. A perda de audição pode sim ser mais evidente na maturidade, por conta do envelhecimento das células auditivas, assim como a perda de outras funções, mas essa nem é a única causa da surdez e a própria surdez não é exclusividade da terceira idade. Aliás, a cada 200 crianças que nascem, três são surdas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

 

Existem surdos que ouvem?

 

Verdade. E Paula Pfeifer é um exemplo vivo desse fato. Isso porque esses deficientes auditivos contam com aparelhos auditivos, implantes cocleares e alguns podem até passar por um processo cirúrgico que tem como objetivo melhorar a capacidade auditiva da pessoa. Elas não deixam de ser surdas, só reduz o seu nível, e no caso dos implantes, ao tirá-los, ela volta a não ouvir. 

 

Todo surdo fala língua de sinais?

 

É falsa a afirmação, apesar da Linguagem de Sinais ser sim extremamente importante para grande parte da população surda - os chamados surdos sinalizados. Segundo o Censo mais recente, viviam em 2010 no Brasil 2,1 milhões de pessoas que escutavam muito pouco ou nada — o equivalente à população de Manaus. A pesquisa do IBGE não apontou quantas faziam uso da língua de sinais, como revela a Agência Senado

 

Apesar de não haver dados concretos sobre quantas pessoas se comunicam por meio dessa linguagem, fica claro o problema de inclusão quando vemos que aeroportos ou transportes públicos, por exemplo, não oferecem esse tipo de acessibilidade.  Em 2002, a Lei 10.436 deu à Libras o status de meio legal de comunicação e expressão. Desde então, escolas, faculdades, repartições do governo e empresas concessionárias de serviços públicos estão obrigadas a providenciar intérpretes para atender aos surdos.

 

Surdos podem ler lábios

 

Verdade! Assim como cegos tornam seus outros sentidos mais apurados, os surdos passam a ler lábios muitas vezes, e isso vai se aprimorando com o tempo. No caso de Paula, como sua surdez foi progressiva, ela passou a ler lábios ainda na adolescência, quando não sabia do seu diagnóstico, para poder estar mais incluída na roda de seus amigos. 

 

A língua de sinais é universal

 

Falso. Existem mais de 300 variantes da língua de sinais no mundo. Elas são responsáveis por boa parte da comunicação de surdos, que totalizam 466 milhões de pessoas, segundo artigo da Assembleia Legislativa de São Paulo. No Brasil, falamos a Língua Brasileira de Sinais - e perceba que o nome é “brasileira”, justamente porque em outros países, ela não é a mesma.

 

É normal um pouco de dificuldades para ouvir

 

Falso. E aqui, a própria Paula Pfeifer explica em seu blog, Crônicas da Surdez. “Quanto mais você esperar, mais difícil será tratar a sua perda auditiva. Isso acontece porque o sistema auditivo central no cérebro para de reconhecer os sons à medida em que a surdez piora. Se você usar aparelhos auditivos regularmente, seu cérebro pode aprender a se reprogramar, uma vez que o sistema auditivo começa a ganhar estimulação neural”, conta ela.   


Ouvir música alta nos fones de ouvido pode causar surdez

 

Verdade. Segundo um estudo, mais de um bilhão de jovens entre 12 e 34 anos estão em risco de perda auditiva pela exposição a frequências sonoras elevadas e, mais do que o volume, a exposição prolongada é um problema sério. Fones não são os únicos vilões: shows e boates também.

 

Outros pontos de atenção

 

É importante lembrar que existem surdos oralizados, ou seja, que por conta do uso do aparelho auditivo ou de não terem nascidos surdos, aprenderam a falar normalmente e mais, eles sabem controlar o seu tom de voz e falar normalmente. Ainda sobre tom de voz, falar gritando com uma pessoa surda não irá adiantar e pode ainda constrangê-lo, em mais um episódio de capacitismo, e ainda dificulta a leitura labial, pois distorce os movimentos da sua boca.  Não caia em mitos e não espere o tempo ou falsos diagnósticos atrasarem seu tratamento. Há diversos caminhos possíveis para esse tipo de problema atualmente, mas é preciso conversar com um especialista no assunto, e não com clínicos generalistas. O quanto antes você “sair do armário da surdez”, como brinca a protagonista do último episódio da décima temporada, melhor para você e para sua qualidade de vida. 

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Evento Plenae: A Relevância da Espiritualidade na Experiência Humana

Como encarar a decadência física e mental? Dá para continuar aproveitando a vida?

29 de Junho de 2018


O envelhecimento é uma condição natural da vida, da qual, atualmente, poucos escapam. Como encarar a decadência física e mental? Dá para continuar aproveitando a vida? O historiador Leandro Karnal, de 55 anos, subiu ao palco do Teatro Santander, em maio, no lançamento da plataforma Plenae, em São Paulo, para dar um recado claro à plateia: “As pessoas precisam se reinventar, transcender o tempo e ressignificar suas trajetórias de vida.” Karnal cita o teólogo e filósofo Santo Agostinho. “Ele dizia que se não conseguirmos olhar o futuro como estratégico, estamos condenados a ficar em um presente contínuo.” O médico psicanalista Wilhelm Reich, em 1941, usou a expressão “peste emocional” referindo-se às ações negativas de pessoas que se valem de todos os recursos para modificar o ambiente, impondo o próprio modo de vida. Estar aberto às novas ideias, ter curiosidade e vontade de aprender são ferramentas que levam a renovação do “eu”, dos relacionamentos e dos laços amorosos. “Não há como sobreviver ao tédio do cotidiano sem transcender. Pode ser a rotina de um casamento, por exemplo. Nesse caso, você não está vivendo com a mesma mulher. Ela ficou no passado. Por isso, será necessário reinventar esse relacionamento”. Karnal conta que sua avó costumava dizer que “no tempo dela, as pessoas eram mais gentis”. “Eu tinha de lembrá-la que ela saiu da Alemanha da Segunda Guerra Mundial. Não existia gentileza no campo de concentração de Auschwitz. Mas, minha avó estava presa à idealização do passado para negar o presente.” “É árduo ver-se desmanchar-se diante do espelho, mas é inevitável. Se é inevitável, melhor aproveitar e continuar dando sua contribuição”, escreveu Norberto Bobbio (1909-2004), autor de O Tempo da Memória: De Senectude e outros escritos autobiográficos. Karnal diz que a velhice é acompanhada do triplo medo, o das falências física, mental e financeira. Jovens sabem mais. “Temos uma inversão inédita. Durante milhares de anos, os mais velhos ensinavam os mais jovens. Eles sabiam a que deuses deveríamos rezar, quais as sementes para plantar”, diz Karnal, lembrando que hoje a tecnologia se transformou em um dos conhecimentos mais importantes. Os jovens têm esse conhecimento. Os idosos, não. “Os mais velhos aprenderam uma série de coisas que não servem mais. Eu aprendi a mimiografar e a passar fax. No espaço de uma geração o mundo envelheceu muito.” Karnal lembra que as previdências sociais “mesmo em países honestos” passam por crise. “O ministro japonês chegou a dizer que os japonese não colaboram com o país. Não morrem.” Mercado. Karnal diz que a alma dos negócios de hoje em dia é pensar em um consumidor muito variado. Meu cliente pode ser um baby boomer, ao mesmo tempo em que há possibilidades que ele seja da geração x, y ou z. “Se eu tiver uma empresa exclusivamente voltada para a geração x, não atinjo os consumidores mais avançados. Ao mesmo tempo, se focar em um público conservador, não renovo minha carteira de clientes.” Hoje o mundo envelhece muito mais do que no passado. Em 1900, a média de expectativa de vida no Ocidente girava em torno de entre 35 e 40 anos. Em um século, ela deu um salto de 30 anos. “Não seja aquela pessoa que diz que ‘no seu tempo’ era de outro jeito. Aprenda que seu tempo é hoje, o mesmo tempo do (compositor e cantor pop) Justin Bieber”, diz Karnal. Só assim será possível participar e dar a sua contribuição à sociedade. “É preciso transcender a matéria e a idade. Para tanto, o caminho é o da fé autônoma, do estudo da arte e de um trabalho social, por exemplo. Isso dá a ideia de pertencer a um plano maior – de não estar preso à matéria, ao aqui e ao agora.” Segundo o historiador, nunca devemos parar de aprender e de se reinventar. Historiadores e a velhice. Paul Lafargue (1842-1911), socialista, autor de O Direito à preguiça, escreveu ao se suicidar com a esposa – com quem tinha um pacto de morte: "Estando são de corpo e espírito, deixo a vida antes que a velhice imperdoável me arrebate, um após outro, os prazeres e as alegrias da existência e que me despoje também das forças físicas e intelectuais; antes que paralise a minha energia, que quebre a minha vontade e que me converta numa carga para mim e para os demais. Há anos que prometi a mim mesmo não ultrapassar os setenta; por isso, escolho este momento para me despedir da vida, preparando para a execução da minha decisão uma injeção hipodérmica com ácido cianídrico. Morro com a alegria suprema de ter a certeza que, num futuro próximo, triunfará a causa pela qual lutei, durante 45 anos. Viva o comunismo! Viva o socialismo internacional!". Ele quis morrer antes do fim. Yuval Harari, autor de Sapiens – Uma Breve História da Humanidade, de 42 anos, diz que já nasceram crianças que viverão por 120 anos. Já existem condições médicas e técnicas de passar facilmente dos 100 anos. Harari pergunta: “Como administraremos casamentos com bodas de 90 anos que ainda não têm nem nome? O nosso limite é Bodas de Diamante (60 anos) e de Carvalho (80 anos)...” Marco Túlio Cícero (63 a.C.), advogado e filósofo, escreveu que a velhice é a fase principal da sabedoria (na época, entre 50 e 60 anos). O símbolo da filosofia, a ave de Minerva só alça voo no crepúsculo. Perdemos força física, mas ganhamos consciência. Sibila de Cumas (Mitologia Grega), conhecida pelas suas previsões em versos, pede ao deus Apolo a vida eterna, mas esquece de incluir no desejo a juventude eterna. Ela viveu para sempre e foi decaindo. Quando chegou aos 900 anos, na caverna de Cuma, ao sul de Roma, foi colocada em uma gaiola. Dizia aos que entravam “quero morrer”. Não há nada mais melancólico do que viver eternamente. Ulysses Guimarães (1916-1992) diante do argumento de que era muito velho para se candidatar à presidência do Brasil (em 1989-1990), costumava dizer que Nero tocou fogo em Roma aos 27 anos e que Konrad Adenauer (1876-1967), um dos arquitetos da economia de mercado, salvou a Alemanha aos 83 anos. Traduzindo: idade não prova nada.

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