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Desmistificando conceitos: o que é a Biofilia?

Termo citado ao longo dos anos por diferentes autores explica a nossa relação com a natureza e porque ela se faz tão importante.

16 de Março de 2021


Como muitos dos termos que são desmistificados no Plenae, Biofilia tem uma explicação etimológica bastante literal: do grego, philia significa amor, enquanto bio significa vida. Logo, podemos traduzir em um primeiro momento como “amor à vida”, ou a natureza. Mas dá para se aprofundar.

Foi o que fez o autor Edward Osborne Wilson, em sua obra, “Biophilia”, publicada em 1984 pela editora de livros da Universidade de Harvard. Ele, que também é biólogo e entomologista, define o termo como sendo “uma tendência natural do ser humano voltar sua atenção para as coisas vivas.”

Stephen Kellert, professor de ecologia na Universidade de Yale, não poderia concordar mais. Para ele, a biofilia seria essa “inclinação inata” que temos na nossa relação com os processos naturais do mundo. Em conjunto, os dois especialistas cravaram: mesmo em um mundo moderno, a necessidade de nos conectarmos com a natureza segue sendo fundamental para a nossa saúde como um todo.

Um outro grande entusiasta do termo é o cientista David Suzuki, que em diferentes oportunidades em sua carreira, trouxe o tema à tona. Uma delas foi em seu documentário de 2005, Suzuki Speaks, onde o especialista se propõe a demonstrar como é preciso estarmos ligados a outras espécies da natureza para sermos “plenamente humanos”.

Que o natural exerce um verdadeiro efeito calmante em nosso corpo e mente, isso nós já te contamos nessa matéria . Aliás, calmaria não é o único benefício que ela pode te trazer: somente aqui, listamos 5 dos muitos outros fatores que ela traz e que podem contribuir para uma vida melhor. Até mesmo um hábito acessível como a jardinagem já pode trazer mais equilíbrio para seus pilares.

A biofilia dos dias

Uma vez entendido o conceito, é hora de analisá-lo na prática. E uma das aplicações mais comuns e vantajosas da biofilia é a integração da natureza no nosso ambiente, capaz de nos fazer mais felizes, saudáveis e produtivos .

E é por isso que os estudiosos das áreas de design e arquitetura possuem um olhar ainda mais crítico, urgente e direcionado à necessidade de elementos naturais ocupando a nossa visão e o lugar onde ficamos mais tempo. É o caso de Nikos Salingaros, um matemático reconhecido principalmente por seu trabalho em teoria urbana, teoria arquitetônica, teoria da complexidade e filosofia do design.

Em 2019, Salingaros explica a biofilia como sendo “uma resposta humana a seres animados e a geometrias complexas do ambiente construído que remetem ao ambiente natural”. Somos organicamente afetados pela natureza principalmente porque, apesar de acreditarmos que as cidades são a única realidade possível, na história do mundo, temos mais tempo ao lado das plantas e animais do que dos carros e prédios.

Se hoje vivemos em ambientes artificialmente construídos, só conseguimos chegar até aqui graças aos nossos primatas, que por milhares de anos sobreviveram em meio a natureza selvagem. Isso está em nosso DNA mais profundo e longínquo, mas também está em nossos dias, como no nosso prato. Há pouquíssimos elementos em nossa alimentação que não sejam provenientes dela novamente: a natureza.

Ter essa consciência de que o meio ambiente não é só benéfico para nós, mas também parte de nós, nos ajuda a entender porque estar em contato com ele nos faz bem de uma maneira até então inexplicável. Também nos faz enxergar sua presença nas miudezas do nosso cotidiano.

Essa “hipótese biofílica”, como alguns estudiosos costumam chamar, é o conjunto desses estudos que culminam sempre na mesma resposta: a exposição ao ambiente natural é fonte de inúmeros benefícios porque à ela pertencemos. Até mesmo em hospitais, o mais moderno de todos os ambientes, bebe dessa fonte.

Ao redor do mundo, alguns centros extremamente avançados já incluem em sua suntuosa arquitetura jardins verticais, praças, sons que se assemelham ao barulho dos ambientes naturais, dentre outras táticas. E os resultados, para nossa surpresa (ou não) são demasiadamente positivos, sobretudo em pacientes que enfrentam um longo tratamento.

Benefícios do contato com a natureza:

  • Redução dos níveis de estresse e, consequentemente, hormônios atrelados a ele.
  • Diminuição da pressão sanguínea
  • Menor percepção da dor e melhora na recuperação após longos tratamentos
  • Aumento da performance em ambientes de trabalho
  • Benefícios para a autoestima, saúde mental e até senso de humor
  • Maiores chances de um alto desempenho em tarefas cognitivas, sensoriais e memoriais.
  • Na infância, o aumento da qualidade de vida proveniente do contato com a natureza diminui substancialmente a ocorrência de distúrbios psicológicos

Agora você já está convencido de que a biofilia é um conceito que veio para ficar? Inclua a natureza em sua rotina sempre que conseguir! Você verá os resultados em pouco tempo!

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Desmistificando conceitos: o que é a endometriose?

Saiba reconhecer os sintomas desse distúrbio feminino que pode trazer diferentes problemas, como dores e dificuldade para engravidar

20 de Julho de 2022


Engana-se quem pensa que autoconhecimento trata somente de nossa mente. Conhecer o seu corpo com profundidade é uma etapa importante desse processo, sobretudo reconhecer o que está desbalanceado. Saber identificar, por exemplo, os sinais de um corpo estressado, como te explicamos aqui, é muito importante para que você possa agir. 

Quando se trata do corpo feminino, há especificidades ainda mais complexas, sobretudo por causa do sistema reprodutor. Te contamos por aqui, por exemplo, um pouco mais sobre o Transtorno Disfórico Pré-Menstrual, mais conhecido como TDPM, a TPM que se torna clínica. 

Recentemente, a cantora Anitta revelou sofrer de dores crônicas, sejam elas durante o período menstrual, ou após relação sexual. Depois de muitos anos de desconhecimento, foi cravado um diagnóstico importante: a endometriose. Trazer isso à tona foi importante porque, apesar de ser um transtorno relativamente comum, ainda é pouco diagnosticado, ou pelo menos não na frequência que deveria. 

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a endometriose afeta cerca de 10% da população feminina brasileira. Somente em 2019, 11.790 brasileiras precisaram de internação por causa da doença. Mas afinal, do que se trata essa doença?

A endometriose

“Há um tecido que reveste a cavidade do útero chamado endométrio, que se renova todo mês porque fica se preparando para receber o embrião. Quando a mulher não tem uma gravidez, o endométrio se descama e é expulso do corpo naquele sangue da menstruação. A endometriose, em linhas gerais, é quando esse tecido se implanta fora do útero, podendo ser nos ovários, na cavidade abdominal, e outras partes do corpo”, explica Maurício Abrão (@drmauricioabrao), coordenador da ginecologia da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo e professor associado do departamento de ginecologia da USP.

Não há uma única causa para que ela aconteça, mas problemas relacionados ao sistema imunológico podem estar relacionados. A chamada menstruação retrógrada, quando a mulher menstrua e essa menstruação sai pelas trompas, podendo levar para a cavidade abdominal, também está relacionado.

Os principais sintomas, como dito anteriormente, estão relacionados a dores muito intensas durante o ciclo menstrual ou após relações sexuais. Mas, segundo Maurício, há como definir os sintomas em “6 D’s”: dor na menstruação, dor na relação sexual, dificuldade para engravidar, dor para evacuar na menstruação, dor para urinar na menstruação e dor entre as menstruações.

“O principal problema da endometriose a longo prazo é ter muita dificuldade para engravidar. Mas há também o fato de que os sintomas podem se tornar incapacitantes, e isso diminui muito a qualidade de vida dessa paciente. Por fim, ainda pode envolver múltiplos órgãos, como intestino e bexiga, de formas variadas.  Doenças de fundo imunológico, por exemplo, podem ter associação com a endometriose, como a Doença de Crohn”, diz o médico.

Além disso, segundo Maurício, 30% das mulheres que têm endometriose apresentam alguma disfunção tireoidiana, e estudos agora já apontam até a relação com doenças reumatológicas, como lúpus, ou de pele, como a psoríase. O perfil dessas pacientes, assim como as causas, são variadas também.

“Mulheres que têm menos filhos ou que demoram para engravidar e até que apresentam um nível de estresse mais elevado - o que altera a imunidade e favorece a doença. Há até alguns estudos na área de psicologia atrelados à ginecologia que apontam até detalhes da personalidade delas como detalhistas, exigentes e competentes, mas também muito ansiosas”, conta Abraão. 

Nova classificação

Nos últimos anos, Maurício e uma grande equipe de profissionais trouxeram uma nova classificação para a doença, justamente com a intenção de tornar o diagnóstico e o tratamento mais assertivos. Essa nova classificação descreve a doença de acordo com os vários locais que ela pode comprometer e a divide em 4 estágios.

“E aí nós desenvolvemos um aplicativo, chamado endometriosis classification AAGL, que vai te dizendo onde está a doença, qual sua classificação e em breve vamos conseguir até ler o seu ultrassom. Isso fez uma grande diferença para as pacientes que têm a doença porque você pode planejar o tratamento com muito mais preparo e mais assertivo”, diz.

Cirurgias avançadas para retirar os focos da doença de uma forma minimamente invasiva é considerado o tratamento ouro da doença, indicado para casos mais graves da doença. Em casos moderados, há medicações que ajudam no controle da dor. “Não menstruar faz parte de uma das modalidades do tratamento, não é algo arcaico, mas não funciona para todas as mulheres, até porque têm aquelas que querem engravidar, são coisas relevantes em relação a isso”. 


É preciso levar em consideração todos os sintomas e partir para os exames mais assertivos, como a ressonância pélvica com preparo intestinal, antes que a dor se torne incapacitante ou que isso prejudique a fertilidade dessa mulher. Cólicas menstruais fortíssimas ainda na adolescência já podem sim serem indicativos de que a endometriose está por ali. 

Procurar um especialista e não demorar tanto nessa procura é o que vai definir a evolução desse tratamento muitas vezes. “Eu acho que a conclusão disso é que primeiro: tratar de endometriose é tratar da mulher e não do órgão. Faz parte de um conceito terapêutico de tratamento integrativo, você trata da mulher de forma 360º, isso é muito importante e moderno”, conclui. 


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