Para Inspirar

Como a meditação altera o formato do cérebro?

Os benefícios da meditação são muitos, mas você sabia que ela pode alterar áreas importantes do seu cérebro?

24 de Janeiro de 2022


Que a meditação é poderosa, já sabemos. Para além de te acalmar, ela pode te ajudar a melhorar a percepção sobre a aparência de uma pessoa, a viver mais e retardar o envelhecimento e, claro, melhorar a memória e a atenção de uma pessoa


Mas estudos recentes mostram que meditar, mesmo que por um curto período por dia, mas de forma frequente, pode alterar até mesmo a anatomia do nosso cérebro. A neurocientista Sara Lazar, do Hospital Geral de Massachusetts e da Harvard Medical School, nos Estados Unidos, é uma prova disso. 


Ao perceber os benefícios da meditação sobre si mesma, que começou a praticar após sofrer uma lesão, ela passou a observar em outros praticantes, com mais tempo de estrada do que ela. Como revelou a revista Época, os resultados do estudo conduzido por ela com pessoas que meditavam há pelo menos 5 anos, mostraram que houve um aumento em suas massas cinzentas em várias áreas do cérebro, incluindo o córtex auditivo e sensorial. 


De acordo com a neurocientista, a meditação Mindfulness - aquela que fala sobre a atenção plena - faz com que o indivíduo diminua a velocidade e tome consciência do momento presente, incluindo as sensações físicas, como a respiração e os sons ao redor. 


Memória para que te quero?


Outra descoberta importante foi também relacionada ao aumento de massa cinzenta nos praticantes, mas dessa vez, em áreas relacionadas à tomada de decisões e memória. O curioso é que justamente essa área é a que tende a diminuir com a idade. Mas nos indivíduos com mais de 50 anos e que meditavam com frequência, sua massa cinzenta correspondia a de uma pessoa com 25 anos. 


Quando o cérebro do francês Matthieu Ricard, phD em genética celular e monge desde os 26 anos, foi estudado, novas revelações foram descobertas. Foram colocados 256 sensores em sua cabeça para medir sua atividade neural com um aparelho de ressonância magnética. Durante a medição, tanto Matthieu quanto outros voluntários praticavam a meditação da compaixão.


Quando comparado aos voluntários que não possuíam a mesma experiência que ele, os resultados eram impressionantes. O cérebro de Ricard produzia uma quantidade anormal de ondas gama, que são oscilações eletromagnéticas produzidas quando neurônios trabalham em sincronia, todas ligadas à consciência, memória, aprendizado e atenção. E o mais incrível de tudo: nunca haviam sido registradas ondas gama tão fortes na literatura neurocientífica.


Foi detectada também uma forte atividade no lobo frontal esquerdo que, de acordo com os pesquisadores, fazia com que Ricard se sentisse mais feliz do que a média da humanidade e tivesse menos pensamentos negativos. Para ele, a meditação é um treino, e a felicidade, o resultado sistemático de bons pensamentos, princípios e desejos.


Pesquisa nacional


Aqui no Brasil, o Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, também realizou sua própria pesquisa. Os cientistas fizeram exames de neuroimagem em 39 voluntários, dentre eles, meditadores frequentes e não meditadores. Foi comprovado cientificamente que, os que possuíam ao menos 3 anos de experiência com a prática, apresentavam mais eficiência em tarefas que exigiam atenção.  


A pesquisa também mostrou que existia uma diferença física na cabeça dos meditadores experientes: eles possuíam mais massa cinzenta em áreas corticais, relacionadas à atenção e ao raciocínio. Pense em um músico que precisa sincronizar voz, toque, mente. Essa tarefa, impossível para muitos, torna-se automática para eles depois de um tempo. O mesmo acontece com a busca pelo foco dos meditantes: é mais eficaz e automática com o tempo de prática da meditação. 


Há inúmeros outros estudos possíveis de serem citados que revelam os benefícios da meditação. Ela é poderosa para retardar processos degenerativos como Alzheimer e Parkinson, ela ajuda a ter uma melhor noite de sono e mais produtividade no trabalho e pode aumentar seus sentimentos de gratidão e reduzir significamente o seu estresse.


Em uma prática tão simples, onde há vários modelos a serem exercitados, não necessitando de um espaço físico  específico para realizá-la, só fica a critério do praticante se manter firme e torná-la uma realidade constante em sua vida. Que tal começar com esses 3 passos simples que ensinamos por aqui? Aproveite o começo do ano e mude seus hábitos!

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Uma reflexão sobre a possibilidade da imortalidade

Para além da longevidade, estudiosos apostam na possibilidade real e científica da imortalidade a partir de avanços tecnológicos, conta professora em artigo

22 de Janeiro de 2020


A questão da longevidade das populações brasileira e mundial tem sido tratada de forma crescente em congressos e artigos acadêmicos, bem como na gestão de pessoas nas organizações. É inquestionável que os avanços científicos têm garantido vidas mais longas aos indivíduos, requerendo que as empresas olhem para a questão geracional com muito cuidado, entendendo sua importância estratégica.

A longevidade tem se escancarado à nossa frente. Um dos mais recentes sucessos da Netflix, o filme O Irlandês , é estrelado, entre outros ícones da indústria cinematográfica, por Al Pacino e Robert de Niro, de 79 e 76 anos de idade, respectivamente. Entre os shows memoráveis que vi nos últimos anos sem dúvida estão: Paul McCartney, de 77 anos, Rolling Stones (Mick Jagger hoje está com 76), Eric Clapton, 74, e Elton John, 72.

Provavelmente, eles nunca leram o artigo de dois professores da London Business School, Andrew Scott e Lynda Gratton, autores de 100 Year Life: Living and Working in the Age of Longevity . Mas certamente seguem seus conselhos, que derivam de um fato irrefutável: a expectativa de vida aumentou tanto que uma criança nascida no hemisfério ocidental tem mais de 50% de chance de viver até os 105 anos.

Apenas um século atrás, esse número era de apenas 1%. Os autores enfatizam que superaremos a expectativa de vida de nossos pais e nossos filhos vão superar a nossa. Questionam: “se vamos aproveitar mais tempo com uma saúde melhor, o que podemos fazer para ter uma vida realizada pelo resto dos anos que restam?”.

Eles sugerem que, independentemente de quantos anos tenhamos, devemos revisitar nossa agenda vital de tomada de decisões em três áreas principais:

- Reinventar-nos em diferentes estágios de nossas vidas: significa que não podemos esperar viver da mesma maneira ao longo de toda a vida e que temos que nos dar permissão para mudar. Ao mesmo tempo, se precisamos nos reinventar como pessoas nas diferentes fases, teremos que planejar com antecedência.

- Planeje e experimente: a longevidade nos verá enfrentando maiores necessidades econômicas, o que exigirá melhor planejamento financeiro, além de economizar e investir mais.

- Paixão por aprender: o que nos fará sentir vivos é uma atitude positiva constante em relação ao aprendizado. Fundamental incentivarmos nosso desejo de aprender, fomentar a criatividade, apreciar a arte ou questionar a nós mesmos. Se fizermos tudo isso, provavelmente seremos capazes de desfrutar de uma vida significativa, declaram.

Até aqui tudo bem. Agora pense na possibilidade de não viver até os 100 anos ativamente e com qualidade de vida; mas sim na imortalidade! Foi essa a fala chocante de José Luiz Cordeiro numa palestra intitulada “A morte da morte”, que vi no espaço Cubo Itaú, em 2018.

Recentemente, foi publicada a edição brasileira de seu livro A Morte da Morte: A Possibilidade Científica da Imortalidade, em parceria com o matemático David Wood, da Universidade de Cambridge, no qual colocam à prova suas ideias sobre a interrupção da velhice, considerada por eles uma doença.

A ideia é que tratemos o envelhecimento como uma doença a mais, a pior das doenças, a mãe de todas as doenças. Cordeiro é engenheiro, economista, escritor e futurista hispano-venezuelano, e nasceu em 1962. Trabalha em pesquisas sobre desenvolvimento econômico, relações internacionais, América Latina, tendências energéticas, estudos constitucionais, entre outros.

Formado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), concentra-se nos recursos médicos e computacionais que já ajudam a prolongar a vida e prometem transformar a morte em um mal evitável. Se você está achando que é coisa de malucos e lunáticos, é bom conhecer alguns depoimentos que constam no livro, como o de João Pedro de Magalhães, especialista em longevidade da Universidade de Liverpool.

"A morte da morte trata de uma das máximas prioridades morais nos dias de hoje: frear e deter o envelhecimento e a morte. À medida que fica mais clara a viabilidade científica destes avanços, aumenta cada vez mais a importância de explicar e compreender as implicações. A morte da morte cumpre esse importante papel”.

Cordeiro e Wood debatem o modo como os avanços tecnológicos têm aumentado a longevidade do ser humano, aquecendo as apostas sobre a possibilidade real da imortalidade. A morte não é algo tão inevitável assim e asseguram que a imortalidade do homem será um fato daqui a 30 anos, “graças aos avanços exponenciais da inteligência artificial, regeneração de tecidos, tratamento com células-tronco, impressão de órgãos, bem como terapias genéticas ou imunológicas que resolverão o problema do envelhecimento corporal humano”.

Certamente o assunto evoca uma série de questões e pensamentos complexos dos pontos de vista ético, filosófico, socioeconômico e de sustentabilidade planetária. Por isso mesmo não dá para ficar indiferente às provocações dos autores. Que tal entrar na nova década com tais reflexões disruptivas?

Um excelente exercício para rejuvenescer sua vida pessoal e profissional, e quem sabe alcançar a eternidade, aqui na Terra mesmo. Carlos Drummond de Andrade afirmou em seu poema Definitivo: “A dor é inevitável. O sofrimento é opcional”. Será que em um futuro breve diremos: a doença é inevitável. A morte é opcional?

Fonte: Marisa Eboli*, para O Estado de S.Paulo
Síntese: Equipe Plenae
Leia o artigo original aqui.

*Marisa Eboli é doutora em administração pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP e especialista em educação corporativa. É professora de graduação e do mestrado profissional da Faculdade FIA de Administração e Negócios.

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