Para Inspirar

O que vem antes: felicidade ou sucesso?

Pesquisadores buscaram desvendar a resposta de uma questão milenar que, por mais individual que pareça, pode encontrar ecos no coletivo.

21 de Janeiro de 2023


Felicidade é um assunto espinhoso. Ao fechar os olhos, seu ideal de felicidade pode ser completamente diferente da pessoa ao seu lado. Ainda assim, há algumas métricas que buscam olhar para esse termo de forma coletiva e científica. É o caso do bem-estar subjetivo, que te explicamos neste artigo, ou até mesmo das discussões mantidas no Congresso Internacional da Felicidade - cujo organizador também já esteve por aqui. 

Mas o assunto felicidade pode se tornar ainda mais complexo e espinhoso quando a carreira entra na jogada. Em uma sociedade capitalista, tendemos a confundir o que há de mais íntimo em nossa personalidade com a nossa versão do trabalho. E logo, trabalho e vida pessoal viram um só, assim como a nossa leitura de nós mesmos. 

Há um exercício simples que evidencia bastante essa complexidade: quando você vai se apresentar para alguém novo, quanto tempo você leva para dizer sua profissão? Provavelmente, é uma das primeiras coisas ditas nesse diálogo, logo após o seu nome e sua idade. 

E não há nada de errado nisso, importante dizer. A menos que você passe a se enxergar somente do trabalho e entenda sucesso somente como os ganhos na carreira. Neste artigo, inclusive, discutimos o porquê é importante falar de si mesmo e como fazer isso. 

O que vem antes…

Parece até mesmo discussão filosófica do tipo “o que veio antes, o ovo ou a galinha?”. E talvez seja. Mas afinal, o que vem antes, felicidade ou sucesso? Foi a pergunta que Paul Lester, professor associado de administração da Naval Postgraduate School, Martin Seligman, diretor do Centro de Psicologia Positiva da Universidade da Pensilvânia, e o falecido Ed Diener, um influente psicólogo americano, tentaram responder - e que a Fast Company publicou na íntegra.

Por cinco anos, os três pesquisadores acompanharam quase 1 milhão de funcionários do Departamento de Defesa dos EUA em todas as suas funções de trabalho, medindo sua relativa felicidade e otimismo com perguntas do Positive and Negative Affect Schedule e do Life Orientation Test (ferramentas usadas pelos militares para medir o bem-estar).

Essas respostas eram comparadas ao número de prêmios que cada um desses funcionários ganhou e suas descobertas foram publicadas no MIT Sloan Management Review, em um artigo intitulado como “Soldados felizes têm melhor desempenho”. Nesse caso, por ter prêmios envolvidos, o caminho para entender o que vinha antes foi até relativamente mais fácil.

A resposta que eles chegaram foi: aqueles com os maiores efeitos positivos de bem-estar tiveram quase quatro vezes o número de reconhecimentos de prêmios do grupo com as pontuações de bem-estar mais baixas. Eles ainda descobriram que, embora sentimentos negativos como tristeza e raiva levavam o indivíduo a conquistar menos prêmios, ter baixos níveis de emoções positivas, uma espécie de “apatia”, também surtiam o mesmo efeito..

“Conseguimos focar no impacto da felicidade como um preditor de desempenho”, diz Lester, um dos pesquisadores envolvidos. “Altos sentimentos negativos interferem no bom desempenho, e alto otimismo prevê maiores chances de desempenho superior no trabalho.”

O ponto principal do estudo é que você não precisa ter sucesso para ser feliz e não precisa ser feliz para encontrar o sucesso, já que as pessoas poderiam ser consideradas infelizes em comparação com seus colegas e, ainda sim, ganharem prêmios por desempenho. Mas houve sim uma taxa menor do que as pessoas que eram felizes em geral.

Portanto, a felicidade pode lhe dar uma chance maior de ser bem-sucedido. E com isso, não quer dizer que habilidades e conhecimento são menos importantes nessa conta, mas sim que a felicidade contribui e muito. Mas lembrando da questão que levantamos ainda no começo: esse sentimento pode variar muito conforme o que você considera que te faz feliz.

O que te faz feliz?

A pesquisa mencionada buscou pluralidade nessa resposta, já que foi feita com funcionários do Departamento de Defesa americano, o maior empregador individual do mundo. Por lá, há cerca de 190 tipos diferentes de empregos - de caminhoneiros e pilotos a médicos e advogados. Os pesquisadores foram capazes de analisar uma ampla faixa de campos e dados demográficos, raça, gênero, posse e características do trabalho.

E é justamente pela conclusão do estudo e por saberem que a felicidade pode ter várias faces que os pesquisadores incentivam as organizações a se concentrarem no bem-estar e no otimismo dos funcionários, já que isso é até mais fácil de garantir uma uniformidade. “A felicidade é importante e deve ser medida”, diz ele. “De certa forma, é um representante da saúde da própria organização. Há valor em medi-lo e desenvolvê-lo.”

Para isso, é preferível usar verdadeiras ferramentas de avaliação com os funcionários - como é o caso do Grau Plenae - em vez de confiar na intuição da gerência. Triagens comportamentais contratadas por essas instituições devem, preferivelmente, incluir perguntas sobre felicidade e otimismo. 

As organizações também devem prestar atenção à liderança e funcionários que podem deixar o ambiente tóxico, causando infelicidade em outras pessoas e impactando o desempenho. Te contamos neste artigo como perceber se o ambiente que você está é tóxico - alguns sinais são óbvios, mas outros podem ser mais sutis. 

Os pesquisadores ainda acreditam que é preciso treinar líderes para gerenciar melhor os funcionários pode ajudar, mas medidas mais severas, como demitir os funcionários mencionados no parágrafo anterior, possam ser necessárias para proteger a saúde mental geral da equipe.

Outro passo, ainda segundo o trio, é desenvolver a felicidade em sua força de trabalho. Para isso, os pesquisadores sugerem a implementação de exercícios simples, como incentivar os funcionários a prestarem depoimentos de gratidão a alguém que mudou sua vida para melhor, ou escreverem três coisas que correram bem todos os dias durante uma semana.

Por fim, os líderes precisam entender que são modelo para tudo, inclusive nesse aspecto. “Se os líderes desejam melhorar a felicidade dos funcionários, devem modelar o que é ensinado para que se torne parte integrante do léxico e da cultura da organização”, diz ele. “Aprendemos melhor observando outras pessoas. A grande lição é que a felicidade de seus funcionários é importante.”

Para o comunicador e artista Raphael Negrão, em entrevista ao portal Plenae, um líder precisa saber brincar, e saber brincar passa, obrigatoriamente, por saber ouvir atentamente e a partir dessa escuta, saber decifrar o que é divertido para cada um. Muitas vezes, um simples gif no meio de uma meia conversa já pode ajudar, comenta ele. 

Há muito o que discutir a respeito do tema, como por exemplo, o conceito de salário emocional que desmistificamos por aqui, que basicamente fala sobre todos os benefícios que ajudam a reconhecer aquele funcionário e tornar seus dias melhores sem ser necessariamente financeiro.  

O importante é saber priorizar o seu bem-estar - seja em um novo emprego, como te ensinamos aqui, ou em um emprego antigo - e lembrar que funcionário eficiente é funcionário que, antes de mais nada, é feliz consigo e com a vida que leva. E isso vale para o trabalhador comum e, principalmente, para os líderes, que devem estar atentos a esse trabalhador. 

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Porque ter um propósito de vida aumenta a longevidade

Pessoas com um objetivo na vida são mais protegidas contra doenças cardíacas

7 de Janeiro de 2020


Você se alegra fazendo voluntariado, cuidando dos netos ou aprendendo novas habilidades? Se você disse que sim a uma dessas perguntas, está contribuindo para a sua longevidade. Uma pesquisa científica publicada em 2019 pelo periódico JAMA Network Open descobriu que, entre um grupo de quase 7.000 adultos com mais de 50 anos, aqueles que obtiveram maior pontuação em uma escala que mediu o “objetivo da vida” revelaram menos probabilidade de morrer durante o período de quatro anos do estudo. Eles também eram menos propensos a morrer durante o mesmo período devido a problemas cardíacos, circulatórios ou sanguíneos, em comparação com aqueles que obtiveram pontuações mais baixas. "Vários estudos sugeriram que um maior senso de propósito na vida está associado à redução do risco de morte precoce", diz Eric S. Kim, pesquisador do departamento de ciências sociais e comportamentais da Escola de Saúde Pública de Harvard. "No entanto, esta pesquisa mostrou pela primeira vez que o senso de propósito na vida está associado a causas específicas de morte.”. Para os autores do estudo, pessoas com um objetivo de vida têm mais probabilidade de se envolverem em comportamentos benéficos para a saúde. O propósito pode se relacionar a: família e relacionamentos; comunidade; ajudar os outros; aprender novas habilidades; participar de atividades de lazer ou hobbies. Embora o propósito tenha funcionado como um protetor da saúde para algumas doenças, ele não pareceu oferecer qualquer benefício em casos de mortalidade por câncer ou condições que afetaram o trato respiratório. Também é importante observar que o estudo não provou que ter um objetivo de vida resultou nas menores taxas de mortalidade observadas. Porque o propósito da vida promove longevidade Aumenta a probabilidade de você proteger sua saúde. Por exemplo, você pode se alimentar de maneira mais saudável, dormir melhor, se exercitar mais ou aumentar o uso de serviços de saúde preventivos. Reduz o estresse. "Estudos sugerem que as pessoas com maior senso de propósito na vida são menos perturbadas por vários estressores e também se recuperam mais rapidamente quando estão mais estressadas", diz Kim. Reduz inflamações. Pesquisadores vincularam a inflamação no corpo a doenças cardiovasculares e outras condições de saúde. Sabe-se que o estresse estimula a inflamação no corpo. Manter a calma, portanto, colabora para o equilíbrio do organismo. Valoriza a vida. Em última análise, as atividades que proporcionam um propósito de vida podem ser motivadas por uma visão abrangente em que a própria vida é muito valorizada, diz Kim. Como encontrar o seu Se você sente falta de um objetivo de vida, procure atividades e funções que forneçam um motivo convincente para se levantar todas as manhãs. Algumas pesquisas descobriram que o voluntariado é uma opção valiosa para muitas pessoas. Ou peça ajuda. "Evidências sugerem que a terapia cognitivo-comportamental pode melhorar o significado da vida, que é um primo conceitualmente próximo do propósito", diz Kim. Fonte: Kelly Bilodeau, para Harvard Health Blog Síntese: Equipe Plenae Leia o artigo original aqui .

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