Para Inspirar

Desmistificando conceitos: o que é a endometriose?

Saiba reconhecer os sintomas desse distúrbio feminino que pode trazer diferentes problemas, como dores e dificuldade para engravidar

20 de Julho de 2022


Engana-se quem pensa que autoconhecimento trata somente de nossa mente. Conhecer o seu corpo com profundidade é uma etapa importante desse processo, sobretudo reconhecer o que está desbalanceado. Saber identificar, por exemplo, os sinais de um corpo estressado, como te explicamos aqui, é muito importante para que você possa agir. 

Quando se trata do corpo feminino, há especificidades ainda mais complexas, sobretudo por causa do sistema reprodutor. Te contamos por aqui, por exemplo, um pouco mais sobre o Transtorno Disfórico Pré-Menstrual, mais conhecido como TDPM, a TPM que se torna clínica. 

Recentemente, a cantora Anitta revelou sofrer de dores crônicas, sejam elas durante o período menstrual, ou após relação sexual. Depois de muitos anos de desconhecimento, foi cravado um diagnóstico importante: a endometriose. Trazer isso à tona foi importante porque, apesar de ser um transtorno relativamente comum, ainda é pouco diagnosticado, ou pelo menos não na frequência que deveria. 

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a endometriose afeta cerca de 10% da população feminina brasileira. Somente em 2019, 11.790 brasileiras precisaram de internação por causa da doença. Mas afinal, do que se trata essa doença?

A endometriose

“Há um tecido que reveste a cavidade do útero chamado endométrio, que se renova todo mês porque fica se preparando para receber o embrião. Quando a mulher não tem uma gravidez, o endométrio se descama e é expulso do corpo naquele sangue da menstruação. A endometriose, em linhas gerais, é quando esse tecido se implanta fora do útero, podendo ser nos ovários, na cavidade abdominal, e outras partes do corpo”, explica Maurício Abrão (@drmauricioabrao), coordenador da ginecologia da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo e professor associado do departamento de ginecologia da USP.

Não há uma única causa para que ela aconteça, mas problemas relacionados ao sistema imunológico podem estar relacionados. A chamada menstruação retrógrada, quando a mulher menstrua e essa menstruação sai pelas trompas, podendo levar para a cavidade abdominal, também está relacionado.

Os principais sintomas, como dito anteriormente, estão relacionados a dores muito intensas durante o ciclo menstrual ou após relações sexuais. Mas, segundo Maurício, há como definir os sintomas em “6 D’s”: dor na menstruação, dor na relação sexual, dificuldade para engravidar, dor para evacuar na menstruação, dor para urinar na menstruação e dor entre as menstruações.

“O principal problema da endometriose a longo prazo é ter muita dificuldade para engravidar. Mas há também o fato de que os sintomas podem se tornar incapacitantes, e isso diminui muito a qualidade de vida dessa paciente. Por fim, ainda pode envolver múltiplos órgãos, como intestino e bexiga, de formas variadas.  Doenças de fundo imunológico, por exemplo, podem ter associação com a endometriose, como a Doença de Crohn”, diz o médico.

Além disso, segundo Maurício, 30% das mulheres que têm endometriose apresentam alguma disfunção tireoidiana, e estudos agora já apontam até a relação com doenças reumatológicas, como lúpus, ou de pele, como a psoríase. O perfil dessas pacientes, assim como as causas, são variadas também.

“Mulheres que têm menos filhos ou que demoram para engravidar e até que apresentam um nível de estresse mais elevado - o que altera a imunidade e favorece a doença. Há até alguns estudos na área de psicologia atrelados à ginecologia que apontam até detalhes da personalidade delas como detalhistas, exigentes e competentes, mas também muito ansiosas”, conta Abraão. 

Nova classificação

Nos últimos anos, Maurício e uma grande equipe de profissionais trouxeram uma nova classificação para a doença, justamente com a intenção de tornar o diagnóstico e o tratamento mais assertivos. Essa nova classificação descreve a doença de acordo com os vários locais que ela pode comprometer e a divide em 4 estágios.

“E aí nós desenvolvemos um aplicativo, chamado endometriosis classification AAGL, que vai te dizendo onde está a doença, qual sua classificação e em breve vamos conseguir até ler o seu ultrassom. Isso fez uma grande diferença para as pacientes que têm a doença porque você pode planejar o tratamento com muito mais preparo e mais assertivo”, diz.

Cirurgias avançadas para retirar os focos da doença de uma forma minimamente invasiva é considerado o tratamento ouro da doença, indicado para casos mais graves da doença. Em casos moderados, há medicações que ajudam no controle da dor. “Não menstruar faz parte de uma das modalidades do tratamento, não é algo arcaico, mas não funciona para todas as mulheres, até porque têm aquelas que querem engravidar, são coisas relevantes em relação a isso”. 


É preciso levar em consideração todos os sintomas e partir para os exames mais assertivos, como a ressonância pélvica com preparo intestinal, antes que a dor se torne incapacitante ou que isso prejudique a fertilidade dessa mulher. Cólicas menstruais fortíssimas ainda na adolescência já podem sim serem indicativos de que a endometriose está por ali. 

Procurar um especialista e não demorar tanto nessa procura é o que vai definir a evolução desse tratamento muitas vezes. “Eu acho que a conclusão disso é que primeiro: tratar de endometriose é tratar da mulher e não do órgão. Faz parte de um conceito terapêutico de tratamento integrativo, você trata da mulher de forma 360º, isso é muito importante e moderno”, conclui. 


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Semelhanças e curiosidades entre a páscoa Judaica e Católica

Apesar de serem comemoradas simultaneamente esse ano, as duas celebrações possuem diferenças em suas origens e semelhanças em suas morais

12 de Abril de 2020


Hoje comemora-se mundialmente a páscoa católica do ano de 2020. A festa celebra a ressurreição de Cristo, crucificado dois dias antes, na chamada sexta-feira santa. Ela possui data móvel, ou seja, muda todo ano conforme a regra vigente. E qual é ela? Simples, mas nem tanto: a páscoa deve ser marcada sempre no primeiro domingo após a primeira lua cheia do equinócio, ou seja, da primavera/outono dependendo do hemisfério onde você se encontra.

Apesar de um pouco complexo, essa regra restringe e faz com que caia sempre entre 22 de março e 25 de abril. Esse feriado é tão importante para toda a religião católica que acaba definindo uma série de outras datas, que são contadas a partir dele.
Aos fiéis mais praticantes, há a privação da carne 40 dias antes da data oficial, em respeito ao sacrifício de Cristo.

Ainda no dia oficial, costuma-se servir peixe ou outra especiaria e, somente no dia seguinte volta-se a comer então a carne. Até mesmo o ovo era proibido durante esse período, então os povos antigos costumavam decorá-lo para presentear as crianças e entes queridos logo depois da celebração. Esse costume, aliás, foi o precursor dos nossos já conhecidos ovos de chocolate, que surgiram por volta do século 19, na França e na Alemanha - e aperfeiçoado desde então.

Mas e quanto a páscoa judaica? Essa é, por sua vez, é ainda mais antiga do que a cristã, mas igualmente baseada sobre os dizeres de um livro religioso, no caso do judaísmo, a Tora. Seu nome original é Pessach, que na tradução para o português significa passagem. O nome é, na verdade, simbólico e bastante explicativo. Isso porque a festa comemora a libertação do povo hebreu, antes escravos no Egito, ou seja, sua “passagem” para a liberdade.

Ela também significa a passagem do anjo da morte. A páscoa judaica é celebrada momentos antes da execução da décima praga sobre os egípcios por esse anjo. Afinal, foi graças às dez pragas de Moisés que este povo pôde então migrar para outras terras, segundo narrativa bíblica hebraica. Só foi libertado quem seguiu as ordens de Javé e sacrificou um cordeiro, passando seu sangue em suas próprias portas.
Isso aconteceu em uma data específica, é claro.

O Êxodo 12 da Tora define que “desde a tarde do dia catorze do primeiro mês até a tarde do dia vinte e um do mesmo mês, o pão que vocês comerem será feito sem fermento”. O primeiro mês do calendário judeu é chamado de
nissan, ou seja, do décimo quarto dia ao vigésimo primeiro dia desse mês, por uma semana, é fixada então a páscoa judaica. Por ser um calendário lunissolar, os judeus construíram seus dias e meses em torno dos ciclos solares e lunares.

Tanto o judaísmo quanto o catolicismo são religiões milenares, nascidas em uma era onde o tempo era contado de forma diferente como a qual estamos hoje acostumados. O então chamado nissan acaba coincidindo com o que conhecemos como fim de março e início de abril.
Ainda segundo o Êxodo 12, a alimentação dos judeus durante esse período é restrita, e não pode conter nenhum alimento fermentado.

Durante o Sêder , como é chamado o jantar que abre as comemorações, há muito vinho, pão sem fermento (conhecido como Matsá), ovo cozido (chamado de Betsá)  além de outras comidas específicas que representam cada uma um diferente simbolismo da festa.
Em alguns anos, tanto a páscoa católica quando a judaica podem coincidir - como é o caso de 2020.

Porém, enquanto o cristianismo comemora a virada da morte de Cristo para a vida, o judaísmo celebra a passagem da vida para a morte, mais especificamente, a morte de quem os escravizou.
Porém, há muitas semelhanças entre as duas. Ambas tiveram origem há séculos atrás e pautam suas datas conforme fenômenos naturais. Além disso, há restrições alimentares presentes tanto em uma quanto em outra.

E, por fim, a essência das duas comemorações é estar com seus entes queridos, celebrando a união familiar - e essa talvez seja a principal mensagem e evidência de que, não importa sua fé, somos todos iguais e feitos de amor. Não deixe de praticar sua espiritualidade , ela pode te trazer mais benefícios do que você imagina.

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